Transtorno de Personalidade Borderline: Mitos, Verdades e Como Encontrar Ajuda
Por Dr. Marcelo Paschoal Pizzut, Psicólogo Especialista em Transtorno de Personalidade Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um dos diagnósticos mais incompreendidos e estigmatizados da psicologia e da psiquiatria. Infelizmente, muitas ideias equivocadas ainda circulam entre o público — e até mesmo entre profissionais de saúde —, dificultando o tratamento, aumentando o preconceito e isolando ainda mais quem convive com esse transtorno.
Neste guia completo, vamos desmistificar as principais ideias erradas sobre o TPB, explicar o que realmente está por trás do transtorno e destacar por que é tão importante oferecer informação de qualidade e apoio psicológico sem julgamentos. Se você ou alguém que você conhece vive com TPB, saiba que há esperança, tratamento e um caminho para uma vida mais equilibrada e saudável.

O que é o Transtorno de Personalidade Borderline?
Antes de abordar os mitos, é essencial compreender do que se trata esse transtorno. O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição de saúde mental caracterizada por intensidade emocional, instabilidade nos relacionamentos interpessoais, autoimagem distorcida e comportamentos impulsivos. Ele afeta a forma como a pessoa pensa, sente e interage com o mundo, muitas vezes gerando sofrimento significativo.
Entre os sintomas mais comuns do TPB, destacam-se:
- Medo intenso de abandono (real ou imaginado)
- Alterações de humor intensas e rápidas
- Sensação crônica de vazio
- Crises de raiva
- Automutilação e pensamentos suicidas
- Relacionamentos instáveis e caóticos
- Dificuldade em controlar impulsos
O TPB é diagnosticado por profissionais da saúde mental com base nos critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Estima-se que ele afete cerca de 1,6% da população geral, sendo mais frequentemente diagnosticado em mulheres, embora homens também sejam afetados.
Desmistificando os 10 Principais Mitos sobre o TPB
1. “Pessoas com Borderline são manipuladoras”
Este é um dos estigmas mais prejudiciais. Muitas pessoas acreditam que quem tem TPB usa emoções ou comportamentos para “manipular” os outros. No entanto, o que pode parecer manipulação é, na verdade, um pedido desesperado de conexão, validação e segurança emocional. A instabilidade emocional do TPB leva a reações intensas, muitas vezes desproporcionais, motivadas por um medo real e profundo de abandono. Quando alguém com Borderline age impulsivamente, geralmente está tentando lidar com uma dor emocional avassaladora, não manipular intencionalmente.
2. “TPB é frescura ou falta de força de vontade”
A ideia de que transtornos mentais são sinal de fraqueza ainda persiste na sociedade. No caso do TPB, isso é especialmente cruel, pois muitas pessoas com o transtorno convivem com intensa vergonha, autojulgamento e culpa. O TPB é um transtorno reconhecido pela psiquiatria, com base neurológica, genética e ambiental. Não é uma escolha nem um capricho. Pessoas com Borderline enfrentam dificuldades internas severas, exigindo mais força do que a maioria imagina.
3. “Borderline é igual a bipolaridade”
Muitas pessoas confundem o TPB com o Transtorno Bipolar. Embora ambos envolvam mudanças de humor, as diferenças são claras:
- No Transtorno Bipolar, as oscilações de humor (mania e depressão) duram dias ou semanas e são cíclicas.
- No TPB, as alterações de humor são mais rápidas, reativas a eventos do ambiente, e podem ocorrer em minutos ou horas.
Enquanto o Transtorno Bipolar é um transtorno do humor, o TPB é um transtorno de personalidade, afetando profundamente a autoimagem e os relacionamentos.
4. “Pessoas com TPB são perigosas ou violentas”
Este mito é frequentemente alimentado por representações distorcidas em filmes e séries. A realidade é que a maioria das pessoas com TPB não é violenta contra os outros. Elas são mais propensas a voltar sua dor emocional contra si mesmas, por meio de comportamentos autodestrutivos, como automutilação ou pensamentos suicidas. Rotular essas pessoas como perigosas apenas alimenta o estigma e impede que busquem ajuda.
5. “Borderline não tem cura”
Embora o TPB seja um transtorno crônico, ele é tratável. Com acompanhamento adequado — incluindo psicoterapia, medicação e apoio social —, muitas pessoas conseguem viver vidas estáveis e plenas. A Terapia Comportamental Dialética (DBT), criada por Marsha Linehan, é considerada a mais eficaz, mas outras abordagens, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), terapia baseada em esquemas e terapia psicodinâmica, também mostram bons resultados. “Cura” pode significar uma melhora significativa na qualidade de vida e na autorregulação emocional.
6. “Pessoas com TPB nunca vão mudar”
A mudança é possível. Com suporte profissional e pessoal, pessoas com TPB aprendem a reconhecer padrões, lidar com emoções intensas e construir relacionamentos mais saudáveis. O processo pode ser longo, mas não é impossível. É fundamental abandonar a ideia de que alguém está “condenado” ao sofrimento.
7. “Quem tem TPB só quer chamar atenção”
Comportamentos como automutilação ou ameaças de suicídio são frequentemente rotulados como “drama”. Isso é injusto e perigoso. Esses comportamentos são formas extremas de expressar dor emocional insuportável. Pessoas com TPB precisam de acolhimento e empatia, não de julgamento. Ignorar esses sinais pode colocar vidas em risco.
8. “TPB é coisa de mulher emocionalmente instável”
Embora o TPB seja mais diagnosticado em mulheres, ele também afeta homens, que muitas vezes são subdiagnosticados. A crença de que “mulheres são naturalmente mais emocionais” banaliza os sintomas e impede que o transtorno seja levado a sério. O sofrimento psíquico não tem gênero.
9. “TPB é apenas carência afetiva”
Reduzir o TPB a carência afetiva minimiza sua complexidade. O transtorno envolve vulnerabilidades neurobiológicas, traumas na infância, disfunções emocionais e sociais. É muito mais do que um desejo de atenção — é uma estrutura de personalidade marcada por dor profunda.
10. “Relacionamentos com quem tem TPB são impossíveis”
Embora os relacionamentos com pessoas com TPB possam ser desafiadores devido ao medo de abandono e à intensidade emocional, eles não são impossíveis. Com empatia, limites saudáveis, comunicação clara e apoio terapêutico, muitos relacionamentos podem prosperar.
Como o Tratamento Pode Transformar Vidas
O tratamento do TPB é um processo que combina psychoterapia, apoio medicamentoso (quando necessário) e mudanças no estilo de vida. Aqui estão algumas abordagens eficazes:
- Terapia Comportamental Dialética (DBT): Focada em ensinar habilidades para regulação emocional, tolerância ao estresse, mindfulness e melhoria nos relacionamentos.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos.
- Terapia Baseada em Esquemas: Explora crenças profundas e padrões formados na infância.
- Terapia Psicodinâmica: Foca nas dinâmicas inconscientes que influenciam o comportamento.
- Psicofarmacologia: Medicamentos como estabilizadores de humor ou antidepressivos podem ser usados para aliviar sintomas específicos, sempre sob supervisão psiquiátrica.
Além da terapia, o apoio familiar e social é crucial. Grupos de apoio e redes de solidariedade podem fazer uma grande diferença no processo de recuperação.
Histórias de Superação: Pacientes que Transformaram Suas Vidas
(Nota: Para proteger a privacidade, os nomes e detalhes são fictícios, mas baseados em casos reais.)
Ana, 29 anos: Ana foi diagnosticada com TPB aos 25 anos, após anos lutando com automutilação e relacionamentos instáveis. Com a DBT, ela aprendeu a reconhecer seus gatilhos emocionais e a usar técnicas de mindfulness para gerenciar crises. Hoje, Ana mantém um emprego estável e construiu amizades saudáveis.
João, 34 anos: João achava que seu temperamento explosivo era “parte de quem ele era”. Após o diagnóstico de TPB, ele começou a TCC e, com o tempo, conseguiu melhorar sua autoestima e reduzir episódios de raiva. Ele agora ajuda outros homens a falarem sobre saúde mental.
Essas histórias mostram que, com o suporte certo, é possível viver bem com TPB.
Perguntas Frequentes sobre o Transtorno de Personalidade Borderline
1. O que causa o TPB?
O TPB é causado por uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Traumas na infância, como abuso ou negligência, são frequentemente associados, mas nem todos com TPB têm histórico de trauma.
2. Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é realizado por um psicólogo ou psiquiatra com base nos critérios do DSM-5. Envolve uma avaliação detalhada dos sintomas, histórico de vida e comportamentos.
3. O TPB pode ser tratado sem medicação?
Sim, a psicoterapia, especialmente a DBT, é o tratamento principal. Medicamentos podem ser usados para sintomas específicos, mas não são sempre necessários.
4. Como posso ajudar alguém com TPB?
Ofereça apoio sem julgamento, incentive a busca por tratamento profissional e aprenda sobre o transtorno para entender melhor suas necessidades.
Por que Escolher Nossa Clínica para o Tratamento do TPB?
Na Clínica de Psicologia Marcelo Paschoal Pizzut, oferecemos atendimento especializado para pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline. Nosso time de psicólogos certificados em DBT e outras terapias baseadas em evidências está comprometido em ajudar você ou seu ente querido a encontrar equilíbrio e bem-estar.
- Abordagem personalizada e acolhedora
- Experiência em casos complexos de TPB
- Consultas presenciais em São Paulo e online para todo o Brasil
- Suporte contínuo para pacientes e familiares
Conclusão: É Hora de Humanizar o Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline é complexo, mas não é incompreensível, incurável ou merecedor de preconceito. Pessoas com TPB estão em busca do que todos queremos: ser amados, compreendidos e respeitados. Com o tratamento certo e o apoio adequado, elas não apenas podem melhorar — podem florescer.
É hora de trocar o estigma pela escuta, o preconceito pelo acolhimento e a ignorância pelo conhecimento. Se você suspeita que pode ter TPB ou conhece alguém que precisa de ajuda, entre em contato com um profissional qualificado. Na Clínica de Psicologia Marcelo Paschoal Pizzut, estamos prontos para caminhar com você rumo a uma vida mais plena.