Sigmund Freud, o pai da psicanálise, não escreveu diretamente uma teoria específica sobre a solidão, mas sua obra contém várias reflexões que ajudam a entender esse estado emocional. Para Freud, a solidão pode ser compreendida a partir do conceito de pulsões, especialmente a tensão entre a pulsão de vida (Eros) e a pulsão de morte (Thanatos). O ser humano busca conexões e vínculos afetivos, mas ao mesmo tempo carrega tendências destrutivas que podem levá-lo ao isolamento.

Freud também relaciona a solidão à repressão e aos mecanismos de defesa. Muitas vezes, uma pessoa se isola como forma de proteger-se de traumas ou frustrações. Além disso, a solidão pode estar ligada à inibição da libido, quando o desejo de se relacionar é reprimido por experiências negativas do passado. Em sua obra O Mal-Estar na Civilização (1930), Freud argumenta que a civilização impõe restrições às pulsões individuais, o que pode gerar sentimentos de inadequação e isolamento.

Outro ponto importante é o conceito de desamparo original (Hilflosigkeit), presente desde o nascimento. O ser humano nasce completamente dependente dos outros, especialmente da mãe ou de uma figura cuidadora. Essa experiência primária pode influenciar a forma como lidamos com a solidão na vida adulta. Indivíduos que não desenvolveram um apego seguro podem sentir a solidão de maneira mais intensa e angustiante.

Por fim, Freud sugere que a solidão pode ser tanto um reflexo do sofrimento psíquico quanto um mecanismo de defesa contra relações potencialmente frustrantes. Assim, entender a solidão requer uma análise profunda do inconsciente e da forma como o indivíduo lida com suas pulsões e traumas.