TPB e Autolesão

Transtorno de Personalidade Borderline

Informações para Pacientes

O termo “Borderline”, que em tradução significa “fronteiriço”, refere-se ao Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Historicamente, este nome surgiu e, atualmente, pode não ser completamente adequado. Isso indica que por muito tempo houve desacordo entre os psiquiatras sobre como classificar este transtorno. Atualmente, todas as dúvidas foram esclarecidas. Pessoas com TPB não são simplesmente “doentes de Borderline”; elas possuem características de personalidade que são familiares a muitas pessoas, porém em graus mais intensos, causando grande sofrimento.

Geralmente, essas pessoas experimentam oscilações de humor intensas, acompanhadas por estados severos de tensão interna, que podem levar a autolesões. Outras reações comportamentais a essa tensão interna podem incluir o uso de álcool, drogas, episódios de compulsão alimentar ou surtos de raiva com violência. Esses comportamentos podem se tornar habituais ou mesmo viciar, adicionando problemas aos pacientes. Além da tendência à autolesão, a insegurança com autoestima negativa, incerteza na definição de objetivos e medo da solidão são características dos transtornos de personalidade borderline.

Indivíduos com TPB tendem a ter uma visão unilateral e frequentemente mutável sobre si mesmos e sobre os outros. Ataques intensos de raiva, que podem escalar para violência física, coexistem com tentativas de suicídio e estados de profunda decepção. Homens tendem a expressar tensões em violência, enquanto mulheres, em tentativas de suicídio e autolesão. Relacionamentos amorosos sofrem com constantes mudanças, marcadas por repetidas separações e reconciliações.

Causas do Transtorno de Personalidade Borderline

Assim como na maioria dos outros transtornos mentais, não existe uma única causa para o TPB, mas sim uma combinação de fatores. Predisposição genética, dificuldades na infância e adolescência (especialmente violência física e abuso sexual), e a falta de figuras de apoio confiáveis (como pais ou outros parentes, educadores em orfanatos) podem desempenhar um grande papel no desenvolvimento do transtorno. Além disso, excesso de proteção e mimos também podem ser fatores relevantes. Muitas, mas não todas, as pessoas com TPB têm essas circunstâncias em sua história de vida.

Autolesão e Transtorno de Personalidade Borderline

Frequentemente, TPB e autolesão coexistem. Na verdade, a autolesão é apenas um indicativo de TPB. A autolesão pode ter outras causas, assim como o TPB nem sempre é acompanhado por autolesão.

Informações para Pacientes

Autolesão, como cortes ou arranhões nos braços, não são realizados com a intenção de suicídio, mas têm funções completamente diferentes para os indivíduos envolvidos. Muitas vezes, eles buscam interromper estados de tensão interna insuportável, reconectar-se com sua própria identidade ou tentar escapar da realidade para o subconsciente. A tendência ao autopunição também pode desempenhar um papel.

Geralmente, a percepção da dor durante a autolesão é significativamente reduzida, de modo que a gravidade da lesão só é reconhecida após a ação. A autolesão pode se tornar um hábito difícil de corrigir, desenvolvendo características de dependência ou compulsão.

Como estamos falando de características de personalidade agravadas, e não de uma “doença” no sentido estrito, a cura rápida – por exemplo, por meio de medicamentos – não é possível. O objetivo do tratamento é o amadurecimento da personalidade. Isso requer trabalhar sobre experiências biográficas passadas, mas sem deixar que essas experiências ofusquem as demandas atuais da vida.

O objetivo do tratamento é ensinar pacientes com TPB a lidar com as demandas da vida. Isso requer mudanças no comportamento autolesivo e inadequado, bem como reestruturação de pensamentos. Como se trata de características de personalidade, o ponto central do tratamento é refletir sobre a percepção pessoal, experiências, pensamentos e ações. Uma cura rápida – por exemplo, com medicamentos – não é possível. Em vez disso, é necessária uma abordagem crítica em um ambiente acolhedor. Isso ocorre no contexto da psicoterapia, que é a forma mais importante de tratamento. Aqui, o psicoterapeuta assume o papel de “guia” no processo de autoconhecimento e trabalho biográfico do paciente, mantendo as demandas do presente como foco principal.

Todo esse processo requer tempo. Estudos mostram que, ao longo de muitos anos de tratamento, a condição da maioria dos pacientes melhora. A psicoterapia é realizada principalmente em regime ambulatorial, por vários anos, e temporariamente pode ser realizada em regime de internação em clínicas especializadas. Para o tratamento e prevenção de autolesões, é utilizada a “Terapia Comportamental Racional” (TCR), um dos métodos que inclui várias técnicas para melhorar a autoimagem, a autoestima e superar estados de tensão.

Aprender a assumir responsabilidade em várias áreas da vida é ainda mais importante. Muitos não conseguem lidar com isso. Em estados agudos (geralmente risco de suicídio), o tratamento em clínicas psiquiátricas é necessário. Medicamentos podem apenas aliviar temporariamente oscilações de humor intensas ou ajudar em estados depressivos graves. No entanto, eles não substituem o processo trabalhoso de autoconhecimento e a tentativa de adotar novas formas de comportamento na vida cotidiana.

Marcelo Paschoal Pizzut

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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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