Entendendo os Transtornos de Personalidade e a Importância da Consciência Emocional

Transtornos de personalidade são condições comuns em pacientes que buscam serviços psiquiátricos, e podem trazer muitos desafios tanto para a pessoa afetada quanto para a sociedade. Nos últimos 20 anos, os tratamentos para esses transtornos mostraram ser eficazes, especialmente em reduzir sintomas como comportamentos de risco, autolesão e tentativas de suicídio. No entanto, melhorar aspectos mais profundos da personalidade, como a identidade e as relações interpessoais, ainda é um desafio.

Um estudo recente focou em pacientes com transtorno de personalidade borderline (TPB) e transtorno de personalidade evitativo (TPE). Ele investigou como esses pacientes melhoram sua consciência emocional – a capacidade de perceber, tolerar e expressar suas emoções de forma consciente. O estudo acompanhou 52 pessoas, sendo 79% mulheres e com idade média de 30 anos, ao longo de 3 anos.

Os resultados mostraram que houve melhora na consciência emocional desses pacientes. No entanto, não é possível afirmar com certeza que essa melhora foi resultado direto da psicoterapia, já que outros fatores, como o amadurecimento natural com a idade, podem ter influenciado. A pesquisa descobriu que melhorar a consciência emocional ajudou bastante os pacientes a lidarem melhor com seus problemas interpessoais e a terem uma melhor integração da identidade.

Segundo o DSM-5, manual usado para diagnósticos em psiquiatria, os transtornos de personalidade se caracterizam, entre outras coisas, por problemas na forma como as emoções são vivenciadas e expressas. Estudos mostram que além do TPB, outros tipos de transtornos de personalidade também estão relacionados com dificuldades na regulação emocional.

Muitas abordagens psicoterapêuticas se concentram nas experiências emocionais dos pacientes, buscando superar a evitação de emoções e melhorar a habilidade de ajustar respostas emocionais a diferentes contextos. Isso pode ajudar a mudar a autoimagem do indivíduo e a forma como ele se relaciona com outras pessoas.

O estudo faz parte do Projeto de Personalidade de Ullevål, que é um estudo clínico de longo prazo para pacientes com transtornos de personalidade, conduzido no Hospital Universitário de Oslo. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos de tratamento. O estudo excluiu pessoas com certos transtornos e condições, como transtorno bipolar I e TDAH não tratado.

O objetivo principal do estudo foi verificar como a consciência emocional mudou no decorrer de 3 anos em pacientes com TPB e TPE. A pesquisa sugere que mudanças na forma como lidamos com nossas emoções podem ter um impacto significativo na melhoria do estado clínico ao longo do tempo. Isso nos dá uma visão importante sobre a relevância da consciência emocional no tratamento de transtornos de personalidade, particularmente TPB e TPE.

Para concluir, este estudo nos mostra algo muito importante: entender e lidar com nossas emoções pode fazer uma grande diferença para quem sofre de transtornos de personalidade, como o TPB e o TPE. Ao longo de 3 anos, os pacientes acompanhados no estudo mostraram que, ao melhorar a consciência emocional, ou seja, a habilidade de reconhecer e expressar suas emoções de forma mais clara, eles também conseguiram melhorar suas relações com outras pessoas e ter uma visão mais positiva sobre si mesmos.

Isso significa que, mesmo que os transtornos de personalidade sejam complexos e desafiadores, há esperança e caminhos eficazes para o tratamento. A chave pode estar em aprender a entender melhor nossas emoções, o que nos ajuda a nos conectar melhor com os outros e a nos sentir mais integrados e seguros sobre quem somos.

Este estudo é um lembrete de que, apesar dos desafios, as pessoas com transtornos de personalidade têm a capacidade de crescer e melhorar. Com o tratamento e a abordagem corretos, elas podem alcançar uma qualidade de vida melhor, desenvolvendo uma maior consciência sobre suas emoções e aprendendo a lidar com elas de maneira mais saudável. Isso é encorajador, não só para quem sofre com esses transtornos, mas também para seus familiares, amigos e profissionais de saúde que os apoiam.