Como os TPB Lidam com a Autoconsciência?
Evitando o Reflexo no Espelho? Como Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline Lidam com a Autoconsciência
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é marcado por dificuldades nas interações sociais, e um estudo recente revelou que pessoas com TPB podem evitar intencionalmente aumentar sua autoconsciência. Vamos explorar como isso acontece e as implicações para o tratamento do TPB.
Contexto do Estudo
Pacientes com TPB tendem a perceber a rejeição social de forma mais intensa do que pessoas saudáveis, o que pode levar a um comportamento de evitação. Um estudo conduzido por Winter, Koplin e Lis investigou se pessoas com TPB evitam intencionalmente situações que aumentam a autoconsciência, como, por exemplo, sentar-se de frente para um espelho.
Metodologia
O estudo envolveu 30 pacientes com TPB e 30 participantes saudáveis. Todos foram solicitados a escolher um assento, sendo uma das opções de frente para um espelho (aumentando a autoconsciência) e a outra, não. Após a escolha, eles foram questionados se a decisão sobre onde sentar foi intencional.
Resultados
- Pacientes com TPB evitaram, em maior número, o assento de frente para o espelho em comparação com os participantes saudáveis.
- 90% dos pacientes com TPB relataram ter feito sua escolha de assento de forma intencional, enquanto apenas 26,7% dos participantes saudáveis relataram o mesmo.
Discussão
Os resultados sugerem que pacientes com TPB podem ter reações alteradas à autoconsciência. Eles evitam situações que aumentam a autoconsciência, como sentar-se de frente para um espelho, e frequentemente estão cientes dessa evitação. Isso pode estar ligado a um conceito negativo de si mesmo e à vergonha, assim como a uma maior atenção focada em si.
Relevância Clínica
Essas descobertas apontam para a importância de considerar a autoimagem e o manejo da vergonha em intervenções terapêuticas para o TPB. Compreender esses padrões de evitação e a atenção focada em si pode ajudar a desenvolver melhores estratégias de tratamento que abordem esses aspectos da autoconsciência.
Limitações e Futuras Pesquisas
O estudo concentrou-se apenas em mulheres e tinha um tamanho de amostra limitado. Pesquisas futuras deveriam incluir participantes masculinos e grupos de controle com outros transtornos para determinar a especificidade desses padrões no TPB. Além disso, seria útil explorar os mecanismos subjacentes e as consequências dessas alterações na autoconsciência para as interações sociais dos pacientes com TPB.
Conclusão
Este estudo revela um aspecto intrigante do TPB: a tendência de evitar situações que aumentam a autoconsciência, muitas vezes de forma intencional. Isso destaca a complexidade do TPB e a necessidade de abordagens terapêuticas que considerem a autoimagem e a gestão da vergonha para ajudar esses pacientes a melhorar suas interações sociais e qualidade de vida.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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