Relacionamentos Difíceis

7 Razões pelas Quais Pessoas Fortes Tendem a Atrair Relacionamentos Difíceis

Por Marcelo Paschoal Pizzut, Psicólogo


Pessoas fortes muitas vezes têm um ímã para relacionamentos desafiadores. Este fenômeno intrigante pode ser explicado por várias razões, profundamente enraizadas em suas experiências de vida e na maneira como percebem o amor e as relações.

  1. Infância e Repetição de Padrões: Muitas vezes, a força mental e emocional se origina de experiências na infância. Isso pode levar à recriação inconsciente de relações familiares iniciais, buscando conforto em vez de amor verdadeiro. Como crianças de alcoólatras que tendem a casar com viciados, pessoas fortes podem procurar corrigir o que não conseguiram na juventude.
  2. Desafio Como Fonte de Felicidade: Pessoas fortes raramente encontram alegria em coisas que vêm facilmente. Elas se realizam através da perseverança e compromisso com desafios. Isso pode ser contraproducente em relacionamentos, pois podem escolher parceiros problemáticos não pela compatibilidade, mas pelo desafio que representam.
  3. Doação Excessiva de Força: Ao se apaixonarem, pessoas fortes podem perder sua identidade e poder pessoal em favor do outro. Seu foco intenso em um relacionamento difícil pode intensificar os problemas, em vez de resolvê-los.
  4. Vulnerabilidade e Intimidade: Para quem construiu sua força emocional e mental do zero, a vulnerabilidade e intimidade podem ser gatilhos. Ao se sentirem desconfortáveis com a exposição de suas vulnerabilidades, podem erguer defesas e romper conexões para manter seu conforto emocional.
  5. Aversão a Estar Errado: Embora a verdadeira força envolva admitir erros, nem todos alcançam essa maturidade facilmente. Pessoas fortes, com um sólido senso de si, podem preferir estar certas a serem felizes, o que complica os relacionamentos.
  6. Resiliência em Situações Adversas: Pessoas fortes podem permanecer em situações difíceis ou abusivas por acreditar que podem mudá-las. Sua resiliência, embora benéfica em muitas áreas, pode ser prejudicial se não reconhecerem quando uma situação está além de sua capacidade de reparo.
  7. Relacionamentos Como Espelhos e Ferramentas de Crescimento: Relacionamentos difíceis podem ensinar pessoas fortes a serem mais fortes, gentis, amorosas e felizes. Às vezes, elas buscam desafios nos relacionamentos para evitar a complacência, mesmo que essa não seja a abordagem mais saudável.

Pessoas fortes são atraídas por relacionamentos difíceis devido à sua história de vida, busca por desafios e uma complexa mistura de força e vulnerabilidade. Entender essas dinâmicas pode ser o primeiro passo para escolhas mais saudáveis e relações mais gratificantes.

A psicanálise, com suas raízes nas teorias de Sigmund Freud e outros pensadores subsequentes, oferece uma lente única para entender por que pessoas fortes podem se inclinar para relacionamentos difíceis. Vamos explorar como cada um dos pontos mencionados anteriormente pode ser interpretado sob a perspectiva psicanalítica:

A psicanálise sugere que a dificuldade com a vulnerabilidade e a intimidade reflete o medo do abandono ou da fusão, ativando mecanismos de defesa como a projeção e a racionalização para proteger o ego. A aversão a estar errado pode ser uma maneira de proteger-se contra sentimentos de inferioridade ou vergonha, enquanto a resiliência em situações adversas pode ser vista como um complexo de salvador, onde se busca redimir traumas passados. Por fim, os relacionamentos são vistos como espelhos e ferramentas para o crescimento pessoal, permitindo a autoconfrontação e a integração de aspectos reprimidos do self. Reconhecer e entender esses padrões pode ser crucial para a mudança e o desenvolvimento pessoal.

A Psicologia Comportamental e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) oferecem abordagens distintas, mas complementares, para ajudar pessoas que enfrentam desafios em relacionamentos. Vamos explorar como cada uma dessas abordagens pode ajudar a resolver problemas relacionais:

Psicologia Comportamental:

Análise do Comportamento: A Psicologia Comportamental enfatiza a análise de comportamentos problemáticos e suas consequências. Ela busca entender como certos padrões de comportamento são reforçados e mantidos ao longo do tempo. No contexto de relacionamentos, isso pode envolver identificar comportamentos específicos que contribuem para conflitos ou insatisfação.

Modificação de Comportamento: Após a identificação dos comportamentos problemáticos, são aplicadas técnicas para modificá-los. Isso pode incluir treinamento em habilidades de comunicação, técnicas de resolução de conflitos e estratégias para aumentar comportamentos positivos dentro do relacionamento.

Reforço Positivo: A psicologia comportamental enfatiza o uso de reforço positivo para encorajar comportamentos desejáveis. No contexto de um relacionamento, isso pode significar reconhecer e recompensar ativamente as ações positivas do parceiro, fortalecendo assim os aspectos saudáveis da relação.

Terapia Comportamental Dialética (DBT):

Aceitação e Mudança: A DBT combina estratégias de aceitação com técnicas de mudança. Ela ensina as pessoas a aceitarem a si mesmas e suas circunstâncias atuais, ao mesmo tempo em que trabalham para mudar comportamentos prejudiciais e padrões de pensamento.

Habilidades de Regulação Emocional: A DBT enfatiza a importância de aprender a regular as emoções, o que é crucial em relacionamentos. Isso envolve reconhecer e aceitar emoções fortes, aprendendo a não reagir de forma impulsiva, e utilizando estratégias para gerenciar e reduzir a intensidade emocional quando necessário.

Habilidades Interpessoais: Uma parte central da DBT é o desenvolvimento de habilidades interpessoais, que incluem comunicação eficaz, assertividade e a capacidade de estabelecer limites saudáveis. Estas habilidades são fundamentais para manter relacionamentos equilibrados e respeitosos.

Tolerância ao Estresse: A DBT ensina técnicas de tolerância ao estresse para ajudar as pessoas a lidar melhor com situações difíceis em relacionamentos, como conflitos ou crises. Isso inclui habilidades como distração, autoconforto e melhoria do momento.

Enquanto a Psicologia Comportamental se concentra na análise e modificação de comportamentos específicos dentro de um relacionamento, a DBT oferece um conjunto mais amplo de habilidades que abrangem a regulação emocional, habilidades interpessoais e tolerância ao estresse. Ambas as abordagens são valiosas para ajudar indivíduos a entenderem e melhorarem suas dinâmicas relacionais.


Atividades Práticas para Desenvolver Habilidades da Terapia Comportamental Dialética (DBT)

Para aplicar as habilidades da Terapia Comportamental Dialética (DBT) no dia a dia, é importante engajar-se em atividades práticas que promovam a regulação emocional, melhorem as habilidades interpessoais e aumentem a tolerância ao estresse. Aqui estão algumas atividades práticas que podem ajudar a desenvolver estas habilidades essenciais:

1. Regulação Emocional

  • Diário de Emoções: Comece a manter um diário onde você registra suas emoções diariamente. Identifique a emoção, o que a desencadeou, e como você reagiu. Isso ajuda a aumentar a conscientização e compreensão das suas emoções.
  • Técnicas de Respiração: Pratique técnicas de respiração profunda, como a respiração diafragmática, para ajudar a acalmar o sistema nervoso durante momentos de forte emoção.
  • Visualização Positiva: Dedique um tempo para visualizar cenas tranquilizadoras ou positivas, o que pode ajudar a alterar emoções negativas.

2. Habilidades Interpessoais

  • Jogos de Role-Playing: Pratique habilidades de comunicação e resolução de conflitos com amigos ou familiares através de jogos de role-playing. Isso pode prepará-lo para situações reais.
  • Aulas de Comunicação: Considere fazer um curso ou workshop que ensine habilidades de comunicação eficaz e assertividade.
  • Feedback Construtivo: Peça regularmente feedback de pessoas de confiança sobre suas interações interpessoais e trabalhe ativamente para melhorar com base nesse feedback.

3. Tolerância ao Estresse

  • Técnicas de Distração Consciente: Aprenda e pratique técnicas de distração, como focar em um hobby ou atividade física, para gerenciar momentos de alto estresse.
  • Exercícios de Mindfulness: Pratique mindfulness regularmente, seja através da meditação, atenção plena durante atividades cotidianas ou através de apps de meditação guiada.
  • Auto-cuidado Focado: Desenvolva uma rotina de auto-cuidado que inclua atividades que você acha relaxantes e rejuvenescedoras, como tomar um banho quente, ler um livro ou ouvir música calmante.

Práticas Gerais de DBT

  • Grupos de Apoio DBT: Participar de um grupo de apoio DBT pode fornecer um espaço seguro para praticar habilidades, obter feedback e aprender com os outros.
  • Exercícios de Atenção Plena Diários: Integre a prática da atenção plena em atividades diárias, como comer ou caminhar, para aumentar a consciência do momento presente.

Ao incorporar essas atividades na rotina diária, os princípios da DBT podem se tornar parte integrante do estilo de vida, promovendo o bem-estar emocional, melhorando as relações interpessoais e aumentando a capacidade de lidar com o estresse de maneira saudável. Lembre-se de que a prática constante e a paciência são chaves para o sucesso na implementação dessas habilidades.

Marcelo Paschoal Pizzut

Em meio às incertezas da vida, encontre amor em cada gesto, esperança em cada amanhecer e paz em cada respiração. Acredite no poder do amor para unir corações, na esperança para superar desafios e na paz interior para irradiar harmonia ao mundo. Que o amor nos guie, a esperança nos inspire e a paz nos envolva em todos os momentos da jornada. Que essas três preciosidades sejam nossa força para construir um mundo melhor. Ame, espere e viva em paz.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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