Entendendo o Transtorno de Personalidade Borderline

Entendendo o Transtorno de Personalidade Borderline: Sintomas e Tratamentos Comuns
Resumo:
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição complexa e multifacetada que afeta aproximadamente 1,6% da população adulta global. Caracterizado por instabilidade emocional, comportamentos impulsivos, e padrões de relacionamento tumultuados, o TPB continua a ser um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde mental. Este artigo busca explorar a natureza do TPB, enfocando os sintomas diagnosticáveis, as teorias subjacentes relativas às suas origens, e os tratamentos mais eficazes atualmente disponíveis. Além disso, o artigo enfatiza a importância de abordagens terapêuticas empáticas e baseadas em evidências, ressaltando a necessidade de pesquisa contínua nessa área.

Marcelo Paschoal Pizzut

Palavras-chave: Transtorno de Personalidade Borderline, Sintomas, Tratamento, Saúde Mental, Terapia Comportamental Dialética.
Introdução
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma perturbação psicológica séria que se manifesta através de um padrão persistente de comportamento marcado pela instabilidade nas relações interpessoais, autoimagem e afetos, bem como impulsividade acentuada iniciada na idade adulta. Frequentemente mal compreendido e estigmatizado, o TPB é uma condição que exige atenção clínica significativa devido ao alto risco de comportamentos autolesivos e suicidas associados (Oltmanns e Emery, 2015).
Sintomas do TPB
Os sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline são variados e podem ser extremamente debilitantes. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) identifica os principais sintomas, que incluem:
2.1. Esforços frenéticos para evitar o abandono real ou imaginado.
2.2. Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos.
2.3. Perturbação da identidade.
2.4. Impulsividade em áreas potencialmente autodestrutivas.
2.5. Comportamento suicida recorrente, gestos, ameaças ou comportamento automutilante.
2.6. Instabilidade afetiva devido a uma reatividade acentuada do humor.
2.7. Sentimentos crônicos de vazio.
2.8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la.
2.9. Ideação paranóide transitória relacionada ao estresse ou sintomas dissociativos graves (American Psychiatric Association, 2013).
Etiologia do TPB
A etiologia do TPB é multifatorial e ainda não completamente entendida. No entanto, a pesquisa atual sugere uma interação entre fatores genéticos, familiares, sociais e culturais.
3.1. Fatores Genéticos e Biológicos: Estudos com gêmeos indicam uma forte componente hereditária, com a heritabilidade estimada do TPB sendo superior a 40% (Distel et al., 2008).
3.2. Ambiente Familiar: Histórias de trauma na infância, incluindo abuso físico e sexual, negligência e separação dos cuidadores, são comuns entre indivíduos com TPB (Zanarini et al., 2000).
3.3. Fatores Sociais e Culturais: A influência do contexto social e cultural na prevalência e manifestação do TPB ainda é objeto de pesquisa, mas acredita-se que desempenhem um papel na forma como os sintomas são expressos e gerenciados (Paris, 2013).
Tratamentos Comuns
O tratamento do TPB é frequentemente um processo longo e complexo. No entanto, várias modalidades terapêuticas demonstraram ser eficazes na gestão dos sintomas.
4.1. Terapia Comportamental Dialética (TCD): Desenvolvida por Marsha M. Linehan, a TCD é uma das terapias mais eficazes para o TPB, enfocando a aceitação e a mudança e ensinando habilidades de regulação emocional, tolerância ao desconforto, eficácia interpessoal e atenção plena (Linehan, 2014).
4.2. Terapia Baseada em Mentalização (TBM): A TBM, desenvolvida por Peter Fonagy e Anthony Bateman, é uma abordagem que se concentra em melhorar a capacidade do paciente de reconhecer e entender estados mentais, tanto em si mesmos quanto nos outros, para promover a regulação afetiva e a estabilidade relacional (Bateman e Fonagy, 2016).
4.3. Medicamentos: Embora não exista um medicamento específico para o TPB, alguns medicamentos, incluindo estabilizadores de humor, antipsicóticos e antidepressivos, podem ser usados para tratar sintomas coexistentes ou específicos (Stoffers et al., 2012).
Considerações Finais
O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição desafiadora que exige uma abordagem de tratamento compreensiva e multifacetada. A desestigmatização do TPB, juntamente com o acesso a tratamentos eficazes, é vital. Futuras pesquisas são necessárias para entender melhor a etiologia do transtorno e para desenvolver tratamentos ainda mais eficazes e acessíveis.
Referências
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.
Bateman, A., & Fonagy, P. (2016). Mentalization-based treatment for personality disorders: A practical guide. Oxford, UK: Oxford University Press.
Distel, M. A., Willemsen, G., Ligthart, L., Derom, C., Martin, N. G., Neale, M. C., … & Boomsma, D. I. (2008). Genetic covariance structure of the four main features of borderline personality disorder. Journal of Personality Disorders, 22(3), 290-302.
Linehan, M. M. (2014). DBT® skills training manual (2nd ed.). New York, NY: Guilford Press.
Oltmanns, T. F., & Emery, R. E. (2015). Abnormal psychology (8th ed.). Upper Saddle River, NJ: Pearson Education.
Paris, J. (2013). The etiology of borderline personality disorder: a biopsychosocial approach. Psychiatric Clinics, 36(1), 1-8.
Stoffers, J. M., Völlm, B. A., Rücker, G., Timmer, A., Huband, N., & Lieb, K. (2012). Pharmacological interventions for borderline personality disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2012(6).
Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., DeLuca, C. J., Hennen, J., Khera, G. S., & Gunderson, J. G. (2000). The pain of being borderline: dysphoric states specific to borderline personality disorder. Harvard Review of Psychiatry, 8(5), 201-210.
Em meio às incertezas da vida, encontre amor em cada gesto, esperança em cada amanhecer e paz em cada respiração. Acredite no poder do amor para unir corações, na esperança para superar desafios e na paz interior para irradiar harmonia ao mundo. Que o amor nos guie, a esperança nos inspire e a paz nos envolva em todos os momentos da jornada. Que essas três preciosidades sejam nossa força para construir um mundo melhor. Ame, espere e viva em paz.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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