Conviver com alguém com TPB
8 possíveis desafios de conviver com alguém com TPB
Nem todas as pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) comportam-se da mesma maneira ou experienciam os mesmos sintomas. Contudo, por definição, a condição sugere vários desafios em relações.
“As pessoas com TPB tendem a ter grandes dificuldades em manter relações saudáveis, especialmente com aqueles mais próximos a elas,” explica Colleen Wenner, uma terapeuta de saúde mental licenciada de Fort Walton Beach, Flórida.
Alguns possíveis desafios ao conviver com uma pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline podem incluir:
- Intrusão – O medo do abandono pode levar alguém com TPB a extremos para “te manter feliz” para que você não as abandone.
- Mudanças nos valores e interesses – Sintomas dissociativos, devido à dor emocional e ao estresse, podem levar alguém com TPB a se desconectar brevemente da identidade que você conhece.
- Comportamentos que podem se tornar perigosos – Impulsividade potencialmente prejudicial em alguém com TPB pode manifestar-se como uso de substâncias, direção imprudente, gastos persistentes além de seus meios, entre outros.
- Acusações – Se TPB envolve ideação paranoica, você pode encontrar-se experienciando os efeitos psicológicos de falsas acusações sobre sua fidelidade ou intenções.
- Sarcasmo prejudicial – Emoções intensas podem levar alguém com TPB a expressar seus pensamentos em forma de sarcasmo ou amargura.
- Controle emocional deficiente – “Regular emoções é muito difícil para o seu ente querido e frequentemente leva a ataques verbais ou violência física,” adverte Wenner.
- Autossabotagem – Algumas pessoas com TPB tendem a se autossabotar. Isso pode parecer diferente para cada pessoa, mas poderia envolver iniciar uma discussão contigo antes de um evento importante ou esquecer um compromisso.
- Ciclos comportamentais – O ciclo de idealização-desvalorização do TPB em relacionamentos pode te fazer sentir confuso e magoado em certos momentos.
Viver com alguém com Transtorno de Personalidade Borderline pode significar trabalhar através de episódios de intensa raiva, falsas acusações e impulsividade potencialmente prejudicial. Embora a educação e a paciência possam te ajudar a abordar seu relacionamento de uma maneira compreensiva, a intervenção profissional pode ser a melhor opção para realmente abordar os desafios do TPB em um relacionamento.
Como lidar ao conviver com alguém com TPB
Conviver com alguém com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode ser um desafio contínuo, requerendo uma mistura de paciência, compreensão e técnicas específicas. Aqui estão algumas abordagens recomendadas:
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Educando-se: Uma das primeiras e mais importantes coisas que você pode fazer é educar-se sobre o TPB. Isso lhe permitirá compreender melhor o que o seu ente querido está passando e ajudará a separar a pessoa da doença.
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Comunicando-se Efetivamente: A comunicação é crucial em qualquer relação, mas quando se vive com alguém com TPB, torna-se ainda mais importante. Isso pode envolver ter discussões abertas sobre o que ambos precisam para que a relação seja bem-sucedida.
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Estabelecer Fronteiras Claras: Aqueles com TPB podem, às vezes, lutar com impulsividade ou comportamentos prejudiciais. É crucial estabelecer limites claros e manter-se firme neles.
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Buscando Apoio Terapêutico: Terapia, seja individualmente ou como casal, pode ser uma ferramenta valiosa. Uma terapia específica, como a Terapia Comportamental Dialética, tem mostrado ser eficaz para ajudar aqueles com TPB.
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Cuidando de Si Mesmo: Ao apoiar alguém com TPB, é fácil negligenciar as próprias necessidades. No entanto, cuidar de si mesmo não é apenas vital para o seu bem-estar, mas também pode ajudar a torná-lo um apoio mais eficaz.
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Evitar a Culpa: É crucial lembrar que o TPB é um transtorno e que o seu ente querido não está agindo de uma certa maneira para machucá-lo intencionalmente. Evitar a atribuição de culpa pode ajudar a manter a perspectiva.
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Conectando-se com Outros: Participar de grupos de apoio, seja online ou presencialmente, pode fornecer valiosas percepções e uma sensação de comunidade.
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Focando no Presente: As pessoas com TPB muitas vezes temem o abandono, e isso pode ser originado de experiências passadas. Focar no presente e oferecer segurança constante pode ajudar a aliviar algumas dessas preocupações.
Em última análise, conviver com alguém com TPB pode ser desafiador, mas também é possível ter uma relação saudável e recompensadora. Compreensão, comunicação e apoio mútuo são a chave.
Entendendo e Validando as Emoções de Alguém com TPB
Ao se aprofundar na convivência com alguém diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), é vital entender a profundidade e intensidade das emoções vivenciadas por essas pessoas. Isso permite uma conexão mais autêntica e ajuda a criar um ambiente de apoio e compreensão.
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Reconhecendo a Intensidade: As emoções sentidas por alguém com TPB podem ser muito mais intensas do que as de outras pessoas. O que pode parecer uma pequena frustração para você pode ser extremamente angustiante para elas.
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Validação é a Chave: Sentir que suas emoções são validadas é crucial para qualquer pessoa, mas especialmente para alguém com TPB. Mesmo que você não compreenda completamente a profundidade de seus sentimentos, reconhecê-los e validar sua experiência é fundamental.
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Evitando Minimizar: Dizer coisas como “não é grande coisa” ou “você está super reagindo” pode ser contraproducente. Em vez disso, ouça ativamente e tente compreender a sua perspectiva.
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Construindo Confiança: A insegurança e o medo do abandono são comuns no TPB. Manter uma comunicação aberta e consistente ajuda a construir confiança e segurança na relação.
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Encorajando a Autocompreensão: Ajude seu ente querido a explorar e entender suas emoções. Isso pode ser através da conversa, terapia ou técnicas de atenção plena (mindfulness).
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Mantendo-se Calmo: Diante de uma tempestade emocional, tente manter a calma. Seu estado calmo pode servir de âncora e oferecer um contraponto equilibrado à intensidade emocional que estão sentindo.
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Buscando Compreender, Não Corrigir: É fácil cair na armadilha de querer “corrigir” ou “consertar” as emoções de alguém. No entanto, muitas vezes, o que é necessário é simplesmente compreensão e empatia.
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Lembrando-se da Dualidade: Lembre-se de que, apesar dos desafios do TPB, há muitas qualidades positivas e aspectos amáveis em seu ente querido. Focar na totalidade de sua pessoa, em vez de apenas no transtorno, pode proporcionar uma perspectiva equilibrada.
A convivência com alguém com TPB é, sem dúvida, cheia de desafios, mas também é repleta de oportunidades para crescimento, compreensão e conexão profunda. Ao se aproximar da relação com empatia, paciência e abertura, é possível construir uma parceria enriquecedora e amorosa.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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