Cannabis e Psicose: Neurobiologia Parte 4

Fatores Psicossociais e a Transição para a Esquizofrenia

Fatores psicossociais desempenham um papel significativo nas interações entre genes e ambiente. A exposição cumulativa a riscos ambientais pode aumentar a probabilidade de psicose de forma aditiva. O conceito de sensibilização comportamental pode fornecer um mecanismo plausível para a ligação entre cannabis e psicose. Estressores primários estudados incluem abuso sexual na infância (CSA) e urbanização. O uso de cannabis na adolescência, trauma na infância e o risco aumentado de psicose posterior estão intimamente relacionados. O uso de cannabis e o trauma infantil estão emergindo como um fator de risco potencial para sintomas psicóticos. Estudos recentes mostraram uma incidência aumentada de CSA em pacientes com esquizofrenia. Acredita-se que medidas para desencorajar ou tratar intensivamente o uso de cannabis em crianças e adolescentes que sofreram abusos podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de psicose neste grupo vulnerável. Resultados consistentes também são observados para um risco aumentado de esquizofrenia com nascimento e/ou criação em ambientes urbanos, especialmente entre homens.

O conceito de urbanização pode ter um efeito sinérgico com vulnerabilidade genética. Vários fatores parecem contribuir para a predisposição para a psicose, como a relação entre cidade grande e má formação neural e a possibilidade de fatores protetores rurais, como capital social e baixa fragmentação social. A urbanização em países em desenvolvimento, variáveis culturais e localização geográfica e associações entre urbanização e outros transtornos, como psicose afetiva, são aspectos ainda em estudo. Pacientes com distúrbios psicóticos relatam o uso de cannabis principalmente para regulação afetiva e socialização.

CONCLUSÃO:
Examinamos as mudanças neurobiológicas devido ao uso de cannabis para ver se essas alterações são semelhantes às observadas em pacientes esquizofrênicos. Os resultados mostram semelhanças intrigantes, mas nenhuma dessas pesquisas estabeleceu um possível curso longitudinal de longo prazo para essas mudanças. Tais similaridades, por si só, não podem estabelecer uma relação de causa e efeito, uma vez que muitas pessoas com alterações semelhantes não desenvolvem esquizofrenia. Portanto, a transição para a psicose devido à cannabis, apesar de ser um fator de risco significativo, permanece incerta com base nas mudanças neurobiológicas. Parece que outros fatores múltiplos podem estar envolvidos nesses processos, que vão além dos fatores neurobiológicos. Avanços significativos foram feitos na compreensão da base da dependência da marijuana e do papel do sistema canabinoide do SNC, o que é uma área primordial para o desenvolvimento de medicamentos para tratar a abstinência e dependência de marijuana, bem como outras dependências. Por enquanto, está claro que algumas das semelhanças na neurobiologia da cannabis e da esquizofrenia podem indicar um mecanismo para o desenvolvimento da psicose, mas suas trajetórias são indeterminadas.

Marcelo Paschoal Pizzut

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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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