Separação
Em que circunstâncias um terapeuta de casais pode concluir que a separação é a melhor opção para ambas as partes envolvidas, e qual é o protocolo ou método que ele utiliza para comunicar essa conclusão aos clientes?
Em que circunstâncias a separação pode ser considerada?
De um ponto de vista lacaniano, a relação entre dois sujeitos é mediada pela linguagem e pelo desejo inconsciente. A dinâmica de um casal pode ser entendida como uma interação entre seus respectivos desejos e as fantasias que constroem para preencher o que Lacan chamaria de “falta” (). Quando o terapeuta observa que a relação está baseada em uma série de mal-entendidos que não podem ser resolvidos, ou que o sofrimento está sendo perpetuado em vez de aliviado, a separação pode ser considerada uma opção viável.
Como comunicar essa conclusão?
O método de comunicação dependeria da dinâmica específica do casal e da fase do tratamento em que se encontram. No entanto, o objetivo geral seria tornar explícito o que já está implícito na relação. Isso poderia ser feito através de uma série de sessões focadas na desconstrução e análise dos discursos de ambos os parceiros, a fim de levar cada um a um reconhecimento mais claro de seus próprios desejos e limitações.
É importante notar que, em um contexto psicanalítico, o terapeuta geralmente evita dar conselhos diretos ou prescritivos. Em vez disso, ele ajudaria o casal a chegar às suas próprias conclusões através do processo de análise. O terapeuta pode, em momentos críticos, fazer intervenções que ajudem a iluminar as estruturas inconscientes em jogo, mas a decisão final seria deixada para o casal.
Finalmente, é fundamental considerar as implicações éticas e profissionais de tal decisão, tendo sempre em mente o princípio “primum non nocere” (primeiro, não prejudicar) e os padrões éticos da profissão.
Assim, enquanto a resposta pode variar dependendo das circunstâncias, um enfoque lacaniano daria atenção particular à estrutura de desejo e linguagem na relação, e a conclusão seria comunicada de uma maneira que respeitasse a autonomia e o processo de descobrimento de cada indivíduo dentro do casal.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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