Padrões de Gênero no TPB

 

Padrões de Gênero no Transtorno de Personalidade Limítrofe: Insights para a Prática Clínica

Marcelo Paschoal Pizzut, Psicólogo e Especialista em Transtorno de Personalidade Limítrofe

Introdução

O Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) é uma condição complexa de saúde mental que afeta tanto homens quanto mulheres, impactando a regulação emocional, autoimagem e relacionamentos interpessoais. Historicamente, o TPL foi percebido como mais prevalente em mulheres do que em homens, mas pesquisas contemporâneas estão desafiando essa suposição. Neste artigo, vou explorar as descobertas de vários trabalhos científicos, focando especialmente em um estudo abrangente de Randy A. Sansone e Lori A. Sansone, para explorar os padrões de gênero no TPL. Esta investigação pode oferecer insights valiosos para clínicos para avaliação e planejamento de tratamento personalizados.

Prevalência: O TPL é Realmente Mais Comum em Mulheres?

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Revisão do Texto (DSM-IV-TR), indicou uma proporção de gênero de 3:1 em diagnósticos de TPL para mulheres e homens. No entanto, um estudo de Grant et al., que fazia parte do Levantamento Epidemiológico Nacional sobre Álcool e Condições Relacionadas, descobriu que a prevalência do TPL é quase igual entre homens e mulheres.

A discrepância nas descobertas anteriores pode ser devida a vários fatores, como o viés de clínicos favorecendo um diagnóstico feminino, viés de amostragem a partir de ambientes psiquiátricos e variações culturais ou comportamentais entre os gêneros. No entanto, está se tornando cada vez mais evidente que o TPL afeta homens e mulheres de maneira bastante igual, mas pode se manifestar de forma diferente devido a características baseadas no gênero e condições comórbidas.

Traços de Personalidade: Principais Diferenças de Gênero

De acordo com o modelo psicobiológico de Cloninger, os homens com TPL têm maior probabilidade de apresentar temperamentos explosivos e níveis mais elevados de busca por novidades, enquanto as mulheres com TPL exibem níveis mais altos de evitação de danos. Esses traços podem resultar em diferentes manifestações dos sintomas do TPL, que podem exigir abordagens de tratamento distintas para homens e mulheres.

Comorbidade do Eixo I: Abuso de Substâncias vs. Transtornos Alimentares

Estudos mostram consistentemente que homens com TPL são mais propensos a transtornos por abuso de substâncias, enquanto mulheres com TPL têm maior probabilidade de ter comorbidades de transtornos alimentares, de humor, de ansiedade e de estresse pós-traumático. Essa divergência na comorbidade do Eixo I poderia explicar por que mulheres são mais propensas a serem encontradas em ambientes de saúde mental e homens em tratamento para abuso de substâncias ou instalações correcionais, perpetuando ainda mais o viés de amostragem nos estudos de prevalência.

Comorbidade do Eixo II: Comportamento Antissocial em Homens

Homens com TPL têm maior probabilidade de ter transtornos de personalidade coexistentes do Eixo II, como paranóicos, passivo-agressivos, narcisistas, sádicos e, particularmente, antissociais. Essa tendência pode impactar significativamente seus resultados clínicos e pode exigir diferentes intervenções terapêuticas em comparação com mulheres com TPL.

Padrões de Utilização de Tratamento

Dadas as diferentes condições comórbidas e traços de personalidade, não é surpreendente que homens e mulheres com TPL tendem a usar diferentes tipos de tratamento. Os homens são mais propensos a ter históricos de tratamento para abuso de substâncias, enquanto as mulheres são mais propensas a terem se envolvido em farmacoterapia e psicoterapia.

Conclusão

Compreender os padrões de gênero no TPL é crucial para os clínicos, não apenas para a precisão diagnóstica, mas também para o planejamento eficaz do tratamento. Tanto homens quanto mulheres sofrem deste transtorno, embora com comorbidades e apresentações sintomáticas diferentes. Adaptar o tratamento a essas necessidades específicas de gênero pode melhorar os resultados clínicos, reduzir diagnósticos incorretos e, em última análise, levar a um atendimento mais eficaz e personalizado para pessoas com TPL.

Referências

  1. Randy A. Sansone, MD e Lori A. Sansone, MD, “Padrões de Gênero no Transtorno de Personalidade Limítrofe”
  2. Grant et al., Levantamento Epidemiológico Nacional sobre Álcool e Condições Relacionadas
  3. DSM-IV-TR, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quarta Edição, Revisão do Texto
  4. Modelo Psicobiológico de Cloninger
  5. Vários estudos sobre comorbidade do Eixo I e Eixo II no TPL

Palavras-chave: Transtorno de Personalidade Limítrofe, TPL, Diferenças de Gênero, Comorbidade do Eixo I, Comorbidade do Eixo II, Utilização de Tratamento

Marcelo Paschoal Pizzut

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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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