TPB – Estabilidade
TPB – Estabilidade e Recuperação a Longo Prazo
A Evolução Temporal do Transtorno de Personalidade Borderline: Estabilidade e Recuperação a Longo Prazo
Introdução
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma condição de saúde mental caracterizada por instabilidade emocional, impulsividade, autoimagem pobre e dificuldades nas relações interpessoais (American Psychiatric Association, 2013). Tradicionalmente, o TPB tem sido visto como um transtorno crônico com pouca esperança de recuperação. No entanto, pesquisas recentes têm indicado que muitos indivíduos com TPB experimentam melhora significativa ao longo do tempo (Zanarini et al., 2012).
Melhora a Longo Prazo
Um estudo seminal conduzido pelo McLean Hospital em Massachusetts, conhecido como o “McLean Study of Adult Development” (MSAD), acompanhou um grupo de pacientes com TPB durante 10 anos. O estudo constatou que aproximadamente 85% dos pacientes não preenchiam mais os critérios para o diagnóstico de TPB no final do período de acompanhamento (Zanarini et al., 2010). Esses resultados desafiaram a visão tradicional do TPB como um transtorno invariavelmente crônico.
Fatores Contribuintes
A recuperação no TPB pode ser atribuída a vários fatores, incluindo tratamento adequado, desenvolvimento de habilidades de enfrentamento, suporte social e mudanças na estrutura cerebral associadas ao envelhecimento (Paris, 2003; Gunderson, 2008). Além disso, a participação em terapias baseadas em evidências, como a Terapia Comportamental Dialética (TCD), também mostrou ser benéfica (Linehan et al., 2006).
Implicações Clínicas
O conhecimento da possibilidade de recuperação a longo prazo no TPB tem implicações importantes para o tratamento. Os clínicos podem se beneficiar de uma abordagem mais otimista e orientada para a recuperação ao trabalhar com pacientes com TPB, ajudando a fomentar a esperança e a motivação para a mudança (Zanarini et al., 2012).
Conclusão
As descobertas sobre a melhora significativa ao longo do tempo em indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline sugerem a necessidade de reavaliar abordagens clínicas e percepções sobre o prognóstico deste transtorno. É crucial para os profissionais de saúde mental se concentrarem em intervenções baseadas em evidências e adotar uma postura otimista em relação à capacidade de recuperação dos pacientes.
Referências
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.
Gunderson, J. G. (2008). Borderline personality disorder: ontogeny of a diagnosis. American Journal of Psychiatry, 165(5), 530-539.
Linehan, M. M., Comtois, K. A., Murray, A. M., Brown, M. Z., Gallop, R. J., Heard, H. L., … & Lindenboim, N. (2006). Two-year randomized controlled trial and follow-up of dialectical behavior therapy vs therapy by experts for suicidal behaviors and borderline personality disorder. Archives of general psychiatry, 63(7), 757-766.
Paris, J. (2003). Long-term outcomes of borderline personality disorder. Psychiatric Clinics, 26(3), 603-616.
Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., Reich, D. B., & Fitzmaurice, G. (2010). Time to attainment of recovery from borderline personality disorder and stability of recovery: A 10-year prospective follow-up study. The American Journal of Psychiatry, 167(6), 663-667.
Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., Reich, D. B., & Fitzmaurice, G. (2012). Attainment and stability of sustained symptomatic remission and recovery among patients with borderline personality disorder and axis II comparison subjects: a 16-year prospective follow-up study. American Journal of Psychiatry, 169(5), 476-483.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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