Neurobiológicas no TPB
Diferenças Neurobiológicas no Transtorno de Personalidade Borderline: Estrutura e Funcionamento Cerebral
Introdução
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um transtorno de saúde mental caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade, autoimagem pobre e dificuldades em relações interpessoais (American Psychiatric Association, 2013). Além das características comportamentais e psicológicas, pesquisas têm evidenciado diferenças na estrutura e funcionamento do cérebro em indivíduos com TPB, especialmente nas áreas responsáveis pela regulação emocional e controle de impulsos (Ruocco & Carcone, 2016).
Alterações Estruturais
Estudos de neuroimagem mostram que pessoas com TPB podem ter alterações estruturais em várias regiões do cérebro. Especificamente, têm sido observadas reduções no volume da amígdala e do hipocampo, estruturas essenciais para a regulação das emoções (Driessen et al., 2000). Além disso, pesquisas indicam uma possível alteração no córtex pré-frontal, que é fundamental para o controle de impulsos e tomada de decisão (Rusch et al., 2003).
Alterações Funcionais
Além das alterações estruturais, estudos de neuroimagem funcional (fMRI) têm revelado diferenças no funcionamento cerebral em indivíduos com TPB. A hiperatividade da amígdala tem sido documentada, o que pode estar associado à maior reatividade emocional observada no transtorno (Donegan et al., 2003). Também foram observadas anormalidades na conectividade funcional entre o córtex pré-frontal e a amígdala, o que pode contribuir para a dificuldade em controlar impulsos e regular emoções (New et al., 2007).
Implicações Clínicas
Compreender as bases neurobiológicas do TPB pode ter implicações significativas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Por exemplo, terapias que focam na regulação emocional, como a Terapia Comportamental Dialética, podem ser particularmente benéficas para indivíduos com TPB devido às alterações observadas no cérebro (Linehan, 1993). Além disso, a identificação de biomarcadores neurobiológicos pode eventualmente levar a novas abordagens farmacológicas ou de neuromodulação para o tratamento do TPB (Goodman et al., 2014).
Conclusão
As diferenças na estrutura e funcionamento cerebral associadas ao Transtorno de Personalidade Borderline fornecem insights valiosos sobre a neurobiologia deste transtorno. Aprofundar a compreensão dessas alterações neurobiológicas pode informar o desenvolvimento de intervenções mais direcionadas e eficazes para indivíduos com TPB.
Referências
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.
Donegan, N. H., Sanislow, C. A., Blumberg, H. P., Fulbright, R. K., Lacadie, C., Skudlarski, P., … & Wexler, B. E (2003). Amygdala hyperreactivity in borderline personality disorder: implications for emotional dysregulation. Biological psychiatry, 54(11), 1284-1293.
Driessen, M., Herrmann, J., Stahl, K., Zwaan, M., Meier, S., Hill, A., … & Petersen, D. (2000). Magnetic resonance imaging volumes of the hippocampus and the amygdala in women with borderline personality disorder and early traumatization. Archives of General Psychiatry, 57(12), 1115-1122.
Goodman, M., Carpenter, D., Tang, C. Y., Goldstein, K. E., Avedon, J., Fernandez, N., … & Siever, L. J. (2014). Dialectical behavior therapy alters emotion regulation and amygdala activity in patients with borderline personality disorder. Journal of psychiatric research, 57, 108-116.
Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.
New, A. S., Hazlett, E. A., Buchsbaum, M. S., Goodman, M., Koenigsberg, H. W., Lo, J., … & Siever, L. J. (2007). Amygdala-prefrontal disconnection in borderline personality disorder. Neuropsychopharmacology, 32(7), 1629-1640.
Ruocco, A. C., & Carcone, D. (2016). A neurobiological model of borderline personality disorder: Systematic and integrative review. Harvard Review of Psychiatry, 24(5), 311-329.
Rusch, N., van Elst, L. T., Ludaescher, P., Wilke, M., Huppertz, H. J., Thiel, T., … & Ebert, D. (2003). A voxel-based morphometric MRI study in female patients with borderline personality disorder. NeuroImage, 20(1), 385-392.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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