Comorbidades no TPB

 Comorbidades no Transtorno de Personalidade Borderline: Uma Revisão dos Transtornos Mentais Associados

Introdução

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um transtorno psiquiátrico caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade e dificuldades nas relações interpessoais (American Psychiatric Association, 2013). Além dos sintomas centrais do TPB, é comum que indivíduos com este diagnóstico também apresentem outros transtornos mentais concomitantes, conhecidos como comorbidades. As comorbidades mais comuns incluem depressão, ansiedade, transtornos alimentares e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Este artigo revisa a literatura científica sobre a prevalência e implicações clínicas dessas comorbidades no TPB.

Depressão

A comorbidade entre TPB e transtornos depressivos é alta. Estima-se que mais de 80% dos indivíduos com TPB experienciam um episódio depressivo maior em algum momento da vida (Zanarini et al., 1998). A presença de depressão em pacientes com TPB está frequentemente associada a um maior risco de suicídio e uma maior gravidade dos sintomas borderline.

Ansiedade

Os transtornos de ansiedade também são comumente comórbidos com TPB. Especialmente, o transtorno de ansiedade generalizada e o transtorno de pânico têm sido encontrados em taxas elevadas entre indivíduos com TPB (Tomko et al., 2014). A ansiedade comórbida pode exacerbar a instabilidade emocional e a impulsividade características do TPB.

Transtornos Alimentares

A comorbidade entre TPB e transtornos alimentares, como a bulimia nervosa, é notavelmente alta. Estudos têm demonstrado que até 25% dos indivíduos com TPB também preenchem critérios para um transtorno alimentar (Sansone & Levitt, 2002). Comorbidade com transtornos alimentares pode complicar o tratamento do TPB devido ao alto risco de comportamentos autolesivos e à resistência ao tratamento muitas vezes presente em transtornos alimentares.

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Existe uma significativa sobreposição entre TPB e TEPT, com muitos indivíduos apresentando ambos os transtornos (Pagura et al., 2010). Isso pode estar relacionado ao fato de que muitos indivíduos com TPB têm histórico de traumas, o que pode contribuir para o desenvolvimento de TEPT.

Implicações Clínicas e Conclusão

As comorbidades em TPB têm implicações significativas para o tratamento. É fundamental que os profissionais de saúde mental estejam atentos à presença de comorbidades e adaptem o tratamento de acordo. Abordagens integradas que abordem simultaneamente TPB e comorbidades associadas podem ser mais eficazes do que tratar cada transtorno isoladamente. É importante promover pesquisas adicionais para entender melhor a relação entre TPB e comorbidades, a fim de desenvolver intervenções mais eficazes para

esta população vulnerável.

Além disso, é importante que o tratamento seja holístico e considerando o indivíduo como um todo. Os planos de tratamento devem ser personalizados para atender às necessidades específicas do paciente, levando em consideração a complexidade das comorbidades.

As abordagens terapêuticas, como a Terapia Comportamental Dialética, que foram desenvolvidas para tratar TPB, podem ser adaptadas ou combinadas com outras intervenções para abordar comorbidades específicas (Linehan, 1993). Por exemplo, para pacientes com TPB e comorbidades de depressão, o uso de Terapia Cognitivo-Comportamental ou a introdução de antidepressivos pode ser útil. Para aqueles com TPB e transtornos alimentares, terapias focadas no corpo e na alimentação podem ser benéficas.

Em suma, é fundamental reconhecer a frequência e a importância das comorbidades em pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline. O tratamento eficaz requer uma abordagem multifacetada que aborde não apenas os sintomas do TPB, mas também as comorbidades associadas. O desenvolvimento de intervenções integradas e personalizadas e uma compreensão mais profunda das relações entre TPB e comorbidades associadas são áreas críticas para futuras pesquisas e prática clínica.

Referências

American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.

Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., Dubo, E. D., Sickel, A. E., Trikha, A., Levin, A., & Reynolds, V. (1998). Axis I comorbidity of borderline personality disorder. American Journal of Psychiatry, 155(12), 1733-1739.

Tomko, R. L., Trull, T. J., Wood, P. K., & Sher, K. J. (2014). Characteristics of borderline personality disorder in a community sample: comorbidity, treatment utilization, and general functioning. Journal of Personality Disorders, 28(5), 734-750.

Sansone, R. A., & Levitt, J. L. (2002). Prevalence of personality disorders among patients with eating disorders. Eating disorders, 10(1), 16-23.

Pagura, J., Stein, M. B., Bolton, J. M., Cox, B. J., Grant, B., & Sareen, J. (2010). Comorbidity of borderline personality disorder and posttraumatic stress disorder in the U.S. population. Journal of Psychiatric Research, 44(16), 1190-1198.

Linehan, M. M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.

Marcelo Paschoal Pizzut

Em meio às incertezas da vida, encontre amor em cada gesto, esperança em cada amanhecer e paz em cada respiração. Acredite no poder do amor para unir corações, na esperança para superar desafios e na paz interior para irradiar harmonia ao mundo. Que o amor nos guie, a esperança nos inspire e a paz nos envolva em todos os momentos da jornada. Que essas três preciosidades sejam nossa força para construir um mundo melhor. Ame, espere e viva em paz.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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