A Estigmatização do TPB
A Estigmatização do Transtorno de Personalidade Borderline: Barreiras ao Tratamento e Intervenção
Introdução
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um transtorno de saúde mental caracterizado por instabilidade emocional, impulsividade, autoimagem distorcida e dificuldades nas relações interpessoais (American Psychiatric Association, 2013). Apesar de sua gravidade, o TPB tem sido objeto de estigmatização significativa, inclusive dentro do campo da saúde mental. Esta estigmatização pode atuar como uma barreira no acesso e na adesão ao tratamento, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos afetados (Aviram et al., 2006).
Estigmatização dentro do campo da saúde mental
Surpreendentemente, profissionais de saúde mental às vezes detêm atitudes estigmatizantes em relação a pacientes com TPB. Estes pacientes são frequentemente rotulados como “manipuladores” ou “buscadores de atenção” (Sansone & Sansone, 2013). Essa estigmatização pode ser atribuída à falta de compreensão do transtorno, à frustração com a falta de progresso no tratamento ou à dificuldade em lidar com comportamentos autolesivos e suicidas (Bodner et al., 2015).
Consequências da estigmatização
A estigmatização dos indivíduos com TPB pode ter várias consequências negativas. Ela pode desencorajar os pacientes de buscar ajuda ou continuar com o tratamento (Sheehan et al., 2019). Além disso, a internalização do estigma pode exacerbar os sintomas do TPB, incluindo baixa autoestima e comportamentos autolesivos (Rüsch et al., 2007).
Intervenções para reduzir o estigma
Dada a gravidade das consequências da estigmatização, é imperativo desenvolver intervenções que abordem esse problema. A educação dos profissionais de saúde mental sobre o TPB e treinamento em habilidades de comunicação pode ser uma estratégia eficaz para reduzir o estigma (Ross & Goldner, 2009). Além disso, os programas de apoio a pacientes podem ajudar os indivíduos com TPB a desenvolver estratégias de enfrentamento e empoderamento (Goodman et al., 2013).
Conclusão
A estigmatização do Transtorno de Personalidade Borderline, especialmente dentro do campo da saúde mental, é uma barreira significativa ao tratamento. Intervenções educacionais e de apoio são necessárias para combater esse estigma, facilitando o acesso ao tratamento e melhorando os resultados para os indivíduos afetados.
Referências
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC: Author.
Aviram, R. B., Brodsky, B. S., & Stanley, B. (2006). Borderline personality disorder, stigma, and treatment implications. Harvard Review of Psychiatry, 14(5), 249-256.
Bodner, E., Cohen-Fridel, S., & Iancu, I. (2015). Staff attitudes toward patients with borderline personality disorder. Comprehensive Psychiatry, 59, 53-56.
Goodman, M., Patil, U., Triebwasser, J., Diamond, E., Hiller, A., Hoffman, P., & Stanley, B. (2013). Parental burden associated with borderline personality disorder in female offspring. Journal of Personality Disorders, 27(1), 59-74.
Ross, S., & Goldner, E. M. (2009). Stigma, negative attitudes and discrimination towards mental illness within the nursing profession: a review of the literature. Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing, 16(6), 558-567.
Rüsch, N., Lieb, K., Göttler, I., Hermann, C., Schramm, E., Richter, H., … & Bohus, M. (2007). Shame and implicit self-concept in women with borderline personality disorder. The American Journal of Psychiatry, 164(3), 500-508.
Sansone, R. A., & Sansone, L. A. (2013). Responses of mental health clinicians to patients with borderline personality disorder. Innovations in Clinical Neuroscience, 10(5-6), 39-43.
Sheehan, L., Nieweglowski, K., & Corrigan, P. (2019). Structures and types of stigma. In The stigma of mental illness-End of the story? (pp. 43-66). Springer, Cham.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
Deixe um comentário