COMPORTAMENTO IMPREVISÍVEL

 TPB E AS CONTRIBUIÇÕES DO COMPORTAMENTO IMPREVISÍVEL

 O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE E AS CONTRIBUIÇÕES
DO COMPORTAMENTO IMPREVISÍVEL DE PACIENTE E TERAPEUTA PARA
BENEFÍCIO DE AMBOS

Marcelo Paschoal Pizzut 

psicompp@gmail.com 

PIZZUT, Marcelo Paschoal. O transtorno de personalidade Borderline e as contribuições do
comportamento imprevisível de paciente e terapeuta para benefício de ambos. Revista International
Integralize Scientific, Ed.02, n.2, p. 83-102, Agosto/2021. ISSN/2675-5203

RESUMO 

O comportamento imprevisível se faz presente, de alguma forma, em diversas situações do cotidiano de qualquer pessoa, porém, quando se trata de portadores do Transtorno de Personalidade Borderline, o predomínio da ocorrência é muito mais comum e recorrente, além de estar relacionado a aspectos negligentes, que o inserem em um contexto negativo, devido à instabilidade existente em sentimentos e atitudes, que é uma consequência da oscilação nas emoções e da contradição na apresentação e na representação de ideias, fruto de uma desregulação emocional, derivada de disfunções neurobiológicas, que comprometem o funcionamento normal do cérebro. Sob essa perspectiva, o presente trabalho pretende, a partir de fontes teóricas da psicanálise e da terapia cognitivo-comportamental, analisar as características do Transtorno Borderline, a fim de tentar compreender o comportamento imprevisível dos portadores, para assim, sugerir ao tratamento terapêutico, a imprevisibilidade na postura do terapeuta, (que prevê o imprevisível do paciente), como uma contribuição positiva na indução à mudança de comportamento, que se verificaria, através do inesperado, ocorrido, mediante às sucessivas surpresas agradáveis, tornando-a, portanto, positiva. Nesse sentido, o conteúdo do artigo privilegia a presença e a constância da harmonia na relação entre terapeuta e paciente que, apesar dos inúmeros desafios enfrentados, é necessária, no intuito de incentivar a uma aliança, para a obtenção do sucesso real da terapia, representada a partir do benefício de ambos, ao conseguir êxitos no controle e na estabilidade do portador de TPB, o que garante a recompensa do psicólogo, ante a satisfação sentida e vivenciada, por meio das vitórias conquistadas. 

chave: Transtorno de Personalidade Borderline. Comportamento imprevisível. Paciente Borderline. Terapeuta. Relação terapêutica.

ABSTRACT 

Unpredictable behavior is somehow present in various situations in anyone’s daily life, however, when it comes to patients with Borderline Personality Disorder, the predominance of the occurrence is much more common and recurrent, in addition to being related to aspects negligent, who place him in a negative context, due to the instability in feelings and attitudes, which is a consequence of the oscillation in emotions and the contradiction in the presentation and representation of ideas, the result of an emotional dysregulation, derived from neurobiological dysfunctions, which compromise the normal functioning of the brain. From this perspective, the present work intends, from theoretical sources of psychoanalysis and cognitive-behavioral therapy, to analyze the characteristics of Borderline Disorder, in order to try to understand the unpredictable behavior of patients, in order to suggest therapeutic treatment, unpredictability in the therapist’s posture (which predicts the unpredictable of the patient), as a positive contribution in inducing a change in behavior, which would be verified, through the unexpected, through the successive pleasant surprises, making it, therefore, positive. In this sense, the content of the article emphasizes the presence and constancy of harmony in the relationship between therapist and patient that, despite the numerous challenges faced, is necessary, in order to encourage an alliance, to obtain the real success of the therapy, represented from the benefit of both, by achieving success in the control and stability of the TPB patient, which guarantees the psychologist’s reward, in view of the satisfaction felt and experienced, through the victories achieved. 

Keywords: Borderline Personality Disorder. Unpredictable behavior. Borderline patient. Therapist. Therapeutic relationship. 

RESUMEN 

El comportamiento imprevisible se hace presente, de alguna forma, en diversas situaciones del cotidiano de cualquer persona, pero, cuando se trata de portadores del Trastorno de Personalidad Borderline, el predominio de la ocurrencia es bien más común y recurrente, además de estar relacionado a aspectos negligentes, que le introducen a un contexto negativo, debido a la instabilidad existente en sentimientos y actitudes, que es una consequencia de la oscilación en las emociones e de la contradicción en la apresentación y en la representación de ideas, fruto de una desregulación emocional, derivada de disfunciones neurobiológicas, que comprometen el funcionamiento normal del cérebro.Sob esa perspectiva, el presente trabajo pretende, a partir de pesquisas bibliográficas da psicoanálisis y de la terapia cognitivo�comportamental, analisar las características del Trastorno Borderline, afín de intentar comprender el comportamiento imprevisible de los portadores, para así, sugerir para el tratamiento terapéutico, la imprevisibilidad en la postura de lo terapeuta, (que supone el imprevisible del paciente, como una contribución positiva a la inducción para el cambio comportamental, que se habría de comprobar, a través del inesperado, que habría de ocurrer, mediante a las sucesivas sorpresas agradables, tornándola, por lo tanto, positiva. En esse sentido, el contenido del artículo privilegia la presencia y la constancia de la harmonia en la relación entre terapeuta e paciente que, a pesar de los innumerables enfrentamientos es necesaria, com la intención de incentivar a una alianza, para la obtención del suceso real de la terapia, representada a partir del beneficio de ambos, al lograr êxitos en el control y en la estabilidad del portador de TPB, lo que garantiza la compensación del psicólogo, ante la satisfacción sentida y vivenciada, por medio de las victórias conquistadas. 

Palavras clave: Trastorno de Personalidad Borderline. comportamiento imprevisible. paciente Borderline. terapeuta. relación terapéutica. 

INTRODUÇÃO

O comportamento volátil e imprevisível é característico em pacientes diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline, uma condição que envolve flutuações extremas de emoções, instabilidade nas relações interpessoais e impulsividade exacerbada, frequentemente acompanhada de dificuldade no controle da raiva. Essas características são amplamente discutidas em literatura especializada, incluindo estudos de psicologia e psicanálise, que se concentram em terapias comportamentais e cognitivas, bem como em publicações de saúde mental, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Dada a natureza multifacetada do Transtorno de Personalidade Borderline e a falta de um perfil comportamental uniforme entre os indivíduos afetados, os profissionais de saúde mental enfrentam desafios significativos na abordagem terapêutica. É crucial que os terapeutas exerçam cautela e precisão no diagnóstico e na implementação de estratégias de tratamento, garantindo que a terapia sirva como uma via de capacitação e suporte para o paciente, em vez de ser percebida como uma imposição, frequentemente sob pressão de familiares.

Interessantemente, este estudo propõe uma abordagem reflexiva para a imprevisibilidade. Como os pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline são inerentemente imprevisíveis – geralmente manifestando-se de maneiras que podem ser consideradas negativas ou prejudiciais – sugere-se que os terapeutas também adotem uma postura imprevisível, mas de uma forma construtiva e surpreendente.

A ideia central é que, ao empregar táticas inovadoras e inesperadas, os terapeutas possam inicialmente captar a atenção e o interesse dos pacientes, criando uma base positiva para a relação terapêutica. Com a continuidade e a adaptação dessas estratégias, busca-se a gradual consolidação de um caminho de crescimento e recuperação.

O objetivo deste trabalho é, através de extensa pesquisa e análise, explorar e sugerir abordagens criativas e surpreendentes na terapia, que possam redirecionar e enriquecer a vida daqueles afetados pelo Transtorno de Personalidade Borderline, contribuindo assim para o seu bem-estar e desenvolvimento pessoal.

Com o intuito de esclarecer e condensar os temas abordados neste artigo, o conteúdo se desdobra em várias seções críticas. Inicialmente, apresenta-se uma retrospectiva concisa sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, delineando suas principais características. Uma ênfase especial é dada às preocupações relacionadas à resistência dos pacientes em prosseguir com o tratamento e à tendência ao abandono da terapia.

Em seguida, a Psicoterapia Breve Dinâmica é destacada como uma alternativa promissora para o tratamento do transtorno, seguida por uma discussão sobre as implicações e os desafios da transferência e da contratransferência no processo terapêutico. Para alicerçar o quadro teórico, um resumo perspicaz das teorias comportamentais e das abordagens de terapia é apresentado.

Avançando, o artigo contempla as perspectivas e expectativas na dinâmica da relação entre paciente e terapeuta, com um foco particular na imprevisibilidade de comportamentos. Explora-se a importância de adotar iniciativas inovadoras que incentivem uma experiência terapêutica mutuamente benéfica.

Finalmente, o artigo conclui com uma síntese dos resultados e das percepções adquiridas durante esta investigação.

É importante notar que o termo “Personalidade Borderline” é relativamente novo, mas isso não se deve à novidade do transtorno em si. Antes, deve-se à evolução dos conceitos que finalmente resultaram na definição atual do transtorno. Dessa forma, a inclusão de uma retrospectiva histórica do Transtorno de Personalidade Borderline neste artigo é primordial para estabelecer um entendimento claro e fundamentado sobre o que ele realmente representa, bem como para destacar as características distintivas que o definem.

UM OLHAR SOBRE A EVOLUÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

Conforme exposto por Dalgalarrondo e Vilela no artigo intitulado “Transtorno Borderline: História e Atualidade”, publicado na Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, o transtorno, que tem se manifestado há muito tempo, só recebeu o rótulo de “Borderline” na década de 1950. Anteriormente, ele era categorizado como uma forma grave de neurose ou uma psicose leve, com descrições pouco claras e imprecisas a respeito dos sintomas afetivos distorcidos e das dificuldades nas relações interpessoais.

Os indivíduos mais frequentemente diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) são adolescentes e adultos jovens, sendo que cerca de 75% dos casos são do sexo feminino. A dificuldade na identificação precisa do transtorno era amplificada pela variedade de manifestações apresentadas pelos pacientes, como confusão mental em relação à autoimagem, falta de objetivos claros, oscilações emocionais, automutilação, idealização e desvalorização de terceiros, instabilidade nos relacionamentos sociais, e uma visão distorcida da realidade, embora sem apresentar delírios ou alucinações típicos de psicoses clássicas. Devido a isso, o transtorno foi inicialmente classificado como “Esquizofrenia Latente” na segunda edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-II) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-9).

Com a introdução do DSM-III, o transtorno começou a se distanciar da categorização de psicose e ganhou reconhecimento como um comportamento com características distintas, embora ainda não completamente definidas clinicamente. Isso representou um marco significativo na compreensão dos distúrbios de personalidade, incluindo o Transtorno de Personalidade Borderline. Foi neste ponto que o que Dalgalarrondo e Vilela chamaram de “uma jornada sem retorno” começou a ganhar um sentido mais concreto. Teóricos meticulosos, através de pesquisas abrangentes, iniciaram a diferenciação de nomenclaturas para distinguir os transtornos, separando-os em duas categorias: transtornos de personalidade borderline e transtornos esquizotípicos. Embora apresentem semelhanças, os transtornos esquizotípicos são mais propensos a envolver delírios, sintomas psicóticos e comportamentos desvinculados da realidade, que não são tão proeminentes no Transtorno de Personalidade Borderline.

Para aprimorar a acurácia diagnóstica, é essencial reconhecer os sintomas característicos do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), como apontam Dalgarrondo e Vilela: “Os fenômenos clínicos típicos do transtorno de personalidade borderline incluem sentimentos crônicos de vazio, impulsividade, automutilação, episódios psicóticos de curta duração, tentativas de suicídio frequentemente manipuladoras e, muitas vezes, relações interpessoais tumultuadas e insatisfatórias”. Os autores elaboram sobre os sintomas psicóticos de curta duração observados em pacientes com TPB, enfatizando que, “apesar de grande parte da literatura focar nos sintomas psicóticos de curta duração, esses sintomas tendem a ser circunscritos, transitórios ou ambíguos”.

Ainda permanece uma incerteza sobre as causas exatas e os fatores que contribuem para o desenvolvimento do transtorno. No entanto, há uma suposição de que o TPB esteja fortemente associado a traumas de infância, incluindo abuso sexual, perda ou negligência emocional dos pais, assim como predisposições genéticas para desregulação emocional que podem estar ligadas a históricos familiares de desequilíbrio emocional. É relevante notar que o transtorno está associado a alterações neurológicas, afetando o funcionamento cerebral, o que poderia explicar os desvios de comportamento significativos e persistentes observados nos indivíduos afetados.

Ademais, as pessoas com TPB frequentemente apresentam comportamentos extremos, tais como abuso de álcool e drogas, promiscuidade sexual, condução imprudente, compulsões alimentares, autoagressão e tendências autodestrutivas. Esses comportamentos podem ser interpretados como tentativas de suprir um sentimento de vazio e aliviar a angústia interna. Paradoxalmente complexos, esses indivíduos expressam emoções que muitas vezes parecem desconectadas e incoerentes com a realidade. Eles podem alternar entre extremos de amor e ódio com intensidade igual, misturando percepções positivas e negativas, muitas vezes de forma indistinta e irracional dentro do mesmo contexto.

Compreender a complexidade do Transtorno de Personalidade Borderline é fundamental para identificar abordagens terapêuticas adequadas e fornecer o suporte necessário aos pacientes, melhorando assim sua qualidade de vida e bem-estar.

Indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) frequentemente enfrentam desafios em estabelecer e manter relações interpessoais duradouras e estáveis. Esta dificuldade é em grande parte devido à instabilidade emocional, impulsividade e comportamento explosivo que podem exibir, especialmente quando se sentem desafiados ou contrariados. Eles podem ter explosões de raiva, recorrer a comportamento agressivo e, posteriormente, serem consumidos por sentimentos de culpa e uma visão negativa de si mesmos. Isso, por vezes, é seguido por um balanço para o extremo oposto, onde eles se elevam e desvalorizam os outros.

Plagados pelo medo de solidão e abandono, seja este real ou imaginado, eles são frequentemente desconfiados e podem se engajar em comportamentos manipulativos para manter o controle sobre seus relacionamentos. No entanto, esta abordagem muitas vezes alimenta um ciclo de insegurança que pode conduzir ao término de relacionamentos, pois poucos conseguem sustentar vínculos em um ambiente tão tumultuado e caótico. A própria vida desses indivíduos pode estar em risco, pois tentativas de suicídio são frequentes, às vezes como um grito desesperado por ajuda, ou como uma tentativa de escapar do turbilhão emocional em que se encontram.

Embora muitos reconheçam que seu comportamento é problemático e tenham consciência do dano que podem causar a si mesmos e aos outros, há uma relutância em buscar ajuda devido a uma crença de que esses traços fazem parte de quem são essencialmente. Eles podem expressar sentimentos de vazio e sentirem-se incompreendidos, mas frequentemente não reconhecem o quão distorcida sua autoimagem pode estar, nem o quão crítico é o tratamento para o seu bem-estar.

É imperativo que os profissionais de saúde mental priorizem a importância da adesão ao tratamento entre os pacientes com TPB. O abandono do tratamento é comum entre esses indivíduos, em parte devido à natureza do transtorno e ao histórico de instabilidade. É fundamental abordar as barreiras que impedem a adesão ao tratamento e fornecer suporte consistente para esses pacientes. Os profissionais devem ser sensíveis e adaptáveis às necessidades únicas desses indivíduos, e esforçar-se para estabelecer um ambiente de confiança e segurança que possa facilitar a continuidade e a eficácia do tratamento.

NAVIGANDO PELAS COMPLEXIDADES DA ADERÊNCIA AO TRATAMENTO EM TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE: UMA PRIORIDADE EM SAÚDE MENTAL

Antes de nos aprofundarmos nas questões envolvendo a adesão ao tratamento, é importante ressaltar que o diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) pode ser notoriamente complexo. A sobreposição de sintomas como depressão, ansiedade, instabilidade de humor e compulsão alimentar com outros transtornos mentais, pode ofuscar o quadro clínico, levando a diagnósticos imprecisos. Tal imprecisão frequentemente desencoraja os pacientes, pois podem perceber os tratamentos iniciais como ineficazes e inapropriados, o que pode ser atribuído a uma avaliação diagnóstica incorreta.

Quando eventualmente é feito um diagnóstico correto, muitos pacientes podem estar inicialmente céticos quanto à sua precisão, devido às experiências anteriores frustradas com tratamentos mal sucedidos. Neste ponto crítico, a intervenção e apoio de uma equipe multidisciplinar composta por psiquiatras e psicólogos tornam-se imperativos. É essencial que a equipe se empenhe em educar e envolver não apenas o paciente, mas também familiares e amigos, para fortalecer o apoio necessário para manter o paciente comprometido com o tratamento. Através de abordagens consistentes e personalizadas, mesmo que o progresso seja gradual, mudanças positivas podem ser alcançadas ao longo do tempo.

O tratamento do TPB geralmente envolve uma abordagem combinada. Um psiquiatra pode prover suporte farmacológico com o objetivo de estabilizar o humor, controlar a impulsividade, aliviar sintomas de depressão e ansiedade, bem como ajudar o paciente a recuperar a lucidez durante episódios psicóticos. Além do apoio psiquiátrico, a psicoterapia é uma ferramenta indispensável no tratamento. É necessário abordar o uso de medicação com cuidado e critério, visto que pode haver consequências indesejáveis, como dependência de medicamentos ou aumento do risco de comportamento suicida devido às flutuações do humor.

Além disso, a educação contínua e o suporte para a autogestão são cruciais para ajudar os pacientes a compreenderem a sua condição e a importância de aderir ao plano de tratamento. É essencial um acompanhamento próximo e uma comunicação aberta entre os profissionais de saúde e o paciente para garantir que o tratamento seja ajustado conforme necessário e que o paciente se sinta apoiado em sua jornada de recuperação.

Pacientes diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) são frequentemente percebidos como desafiadores no contexto de tratamento em saúde mental. Este desafio se estende a todos os profissionais envolvidos, mas recai particularmente sobre o terapeuta, que deve possuir competências especializadas, formação e preparação para navegar os tumultuados mares das complexidades que caracterizam o TPB.

É essencial que os terapeutas estejam plenamente conscientes de que a jornada terapêutica com pacientes de TPB raramente é linear. O comportamento imprevisível, surpresas desagradáveis, agressividade, desconfiança, e resistência às intervenções propostas, são obstáculos comuns. Isso requer dos terapeutas não apenas adaptabilidade, mas também disposição para inovar e modificar abordagens conforme necessário. Às vezes, a própria imprevisibilidade do terapeuta pode ser uma ferramenta valiosa; ao confrontar o paciente com algo inesperado, novas perspectivas podem emergir e potencialmente estimular mudanças comportamentais.

A inconsistência e instabilidade inerentes ao TPB, combinadas, às vezes, com uma abordagem rígida por parte dos profissionais de saúde, podem ser barreiras significativas para a adesão ao tratamento. É, portanto, fundamental adotar uma abordagem personalizada que considere o contexto histórico, social e pessoal do paciente. Isto inclui a adaptação das intervenções para refletir de forma realista os desafios enfrentados, e explorar abordagens alternativas que possam promover novas formas de percepção e interação com o mundo.

Um dos fatores que contribui para a resistência ao tratamento é a impulsividade. Um estudo de caso de Tanesi et al. (2007) observou que a impulsividade em pacientes com TPB está frequentemente ligada a uma sensação de desesperança e falta de propósito na vida. A falta de apoio percebida e a falta de esperança para o futuro podem levar a comportamentos impulsivos e situações de risco.

Portanto, é imperativo que a terapia aborde as características de impulsividade e instabilidade, e desenvolva estratégias para mitigar esses traços. Além disso, entender como esses traços se relacionam com o contexto de vida do paciente é crucial. O objetivo final deve ser criar um ambiente terapêutico que incentive constantemente o engajamento do paciente, ajudando-o a reconhecer o valor do tratamento e a se comprometer com as mudanças que melhorarão sua qualidade de vida. A ênfase deve estar em estabelecer um relacionamento terapêutico colaborativo, flexível e adaptativo que possa ser ajustado em resposta às necessidades em constante mudança do paciente.

O momento dos relatos impulsivos, assim como atos em que há demonstração de impulsividade perante o analista, requerem cuidados para os critérios empregados. Algo como uma neutralidade excessiva pode causar raiva, partindo de uma interpretação errônea de que há desinteresse, distância e indiferença do profissional em relação aos aspectos descritos e visíveis. Prestativo e controlado, o psicólogo abre possibilidades a uma novidade em alteração ao direcionar o descontrole à calma, agindo com paciência e maleabilidade, no sentido de atender ao sofrimento com implicações suaves, tentando surpreender positivamente até que consiga cessar o desconforto gerado e assim amenizar os sentimentos que o causaram.

Além da impulsividade, outra característica impeditiva na relação entre paciente e terapeuta é a manipulação, ressaltada por Tanesi, Yazigi, Fiore, Pitta (2007), de acordo com citações de Beck, Freeman (1993) e Skodol (2000), quando afirmam: “A manipulação reflete a falta de limites do paciente borderline que fará de tudo para que sua vontade seja soberana. Não consegue perceber o outro, mas somente suas próprias necessidades. O outro não tem existência própria e sua função é servi-lo. Acredita ser sempre espoliado e os outros serem seus eternos devedores. Estas atitudes e crenças se relacionam às alterações cognitivas (Beck & Freeman, 1993; Skodol, 2002).” Partindo dessa perspectiva, se a atenção e as exigências não são atendidas, observa-se a desmotivação e o desinteresse do cliente pela terapia, o que resulta na subsequente descontinuidade do procedimento.

Os confrontos entre manipulador e manipulado tendem a formar uma barreira limitadora no relacionamento, mas que depende da sensibilidade do mediador, capaz de intervir a fim de que seja atenuada. As exigências perdem força à medida que são fornecidos outros mecanismos imediatos, reforçadores da importância do indivíduo enquanto membro de uma sociedade.

Outro aspecto de extrema importância para uma terapia de qualidade é a inclusão da família do paciente nas análises e na conduta do terapeuta, pois é a partir da relação familiar que o transtorno pode ter sido gerado. Durante os assuntos que envolvem família e ambiente familiar, as perguntas, respostas, permissões e observações desempenham uma função essencial, uma vez que o paciente nem sempre está à vontade para falar sobre determinados temas, seja por não querer ou por não conseguir se expressar.

Ao intercalar histórias e sugerir um novo pensamento baseado em contextos e ideias já utilizados pelo cliente, o terapeuta pode mostrar interesse e preocupação com as questões do paciente, mesmo que nenhum membro da família esteja presente durante o processo terapêutico. Essa abordagem pode elevar a autoestima do paciente. Portanto, um psicoterapeuta que está atento à família do indivíduo em tratamento pode alcançar nuances que ainda não foram verificadas, graças à intervenção benéfica de uma família estruturada durante o processo de tratamento, como ressaltado por Tanesi, Yazegi, Fiore e Pitta (2007): “familiares saudáveis podem ser muito importantes para a adesão ao tratamento”.

“É muito importante que o psicoterapeuta esteja atento às manifestações de resistência do paciente, a fim de abordá-las adequadamente no contexto psicoterápico, a fim de neutralizá-las e dissolvê-las”, afirmam Cunha e Azevedo (2001). Portanto, é um constante apelo à ciência e à consciência de que a resistência ao tratamento pode existir, mas pode ser amenizada por meio de intervenções apropriadas e de um atendimento ativo e flexível.

Diante da recusa a atividades, faltas injustificadas e até agressividade voltada à terapia e ao próprio terapeuta, é crucial que o indivíduo com TPB sinta a verdadeira empatia do psicoterapeuta, que a demonstra por meio de um contato simpático e sincero. De acordo com Carl Rogers, o mundo é percebido por meio da adaptação ao outro, por isso o paciente identifica no terapeuta alguém em quem pode confiar para expressar queixas, insatisfações, frustrações e indisposições, o que contribui para a continuidade, efetividade e eficiência do tratamento. Competente e enfrentando todos os desafios e dificuldades, o psicólogo favorece a adesão ao procedimento terapêutico ao permanecer atento, disponível para mudar de abordagem e aberto a sugestões do cliente que possam contribuir para o sucesso do processo e dos resultados.

Com o objetivo de priorizar o progresso e estimular a permanência do paciente borderline na intervenção psicológica, destaca-se a Psicoterapia Dinâmica Breve como uma opção interessante para contextualizar a necessidade terapêutica na vida do indivíduo. A seguir, serão apresentados detalhes sobre essa abordagem terapêutica.

PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE: UMA OPÇÃO INTERESSANTE PARA

TRATAR O TRANSTORNO BORDERLINE

A Psicoterapia Dinâmica Breve, de acordo com Cunha e Azevedo (2001) em um estudo de caso envolvendo o tratamento de um paciente com Transtorno de Personalidade Borderline, demonstra que, mesmo sendo um procedimento de curta duração, pode beneficiar os pacientes diagnosticados com o transtorno. É importante ressaltar que a Psicoterapia Dinâmica Breve não deve ser considerada como uma forma abreviada de terapia, mas sim como uma opção acessível a todas as esferas da sociedade que necessitam de assistência em saúde mental. Nessa abordagem, o terapeuta desempenha um papel ativo, planejando e aplicando conceitos com base em objetivos focados na situação individual de cada paciente.

Embora haja teorias que rejeitem a Psicoterapia Dinâmica Breve em alguns casos, pesquisas indicam, segundo Cunha e Azevedo (2001), que esse tipo de abordagem terapêutica pode auxiliar todos aqueles que enfrentam problemas de ordem psíquica, apresentando resultados mais positivos do que aqueles que não participam de nenhum formato terapêutico. É importante destacar que a Psicoterapia Dinâmica Breve não alcança o mesmo nível de sucesso das terapias de longo prazo, mas, no estudo de caso em questão e em outras pesquisas citadas por Cunha e Azevedo (2001), é evidente a eficácia dos atendimentos, uma vez que os pacientes valorizam a importância da psicoterapia adotada em sua especificidade e expressam interesse em dar continuidade ao tratamento, mesmo com outro profissional.

A Psicoterapia Dinâmica Breve desempenha um papel funcional ao preparar o cliente para uma iniciativa real de tratamento. Quando conduzida por um terapeuta competente e qualificado, ela ajuda o cliente a reconhecer o que era desconhecido antes do início da terapia, bem como identificar possíveis melhorias ou descobertas durante e após o breve período de intervenção psicológica. O limite de tempo estabelecido na Psicoterapia Dinâmica Breve desperta o interesse e a motivação do paciente, especialmente quando reforçados pelo terapeuta, levando-o a refletir sobre o que aconteceria se o tratamento fosse descontinuado ou prosseguisse.

Cabe ao terapeuta estar ciente e consciente de todas as dificuldades e desafios, buscando conscientizar o cliente sobre os principais mecanismos presentes em seu histórico e comportamento, auxiliando-o na análise e na gradual modificação de cada comportamento, atitude, sentimento e forma de enxergar a vida, o mundo, o outro e a si mesmo.

Tanto a PDB como qualquer outro tipo de psicoterapia recebe a influência das transferências e das contratransferências que, embora sejam termos mais utilizados pela psicanálise, se inserem ao longo do processo, atingindo objetivos satisfatórios e insatisfatórios. Abaixo, a questão é enfatizada com mais clareza.

TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA: UM PROCESSO CRUCIAL

PARA PACIENTE E TERAPEUTA

“O terapeuta também está em análise, assim como o paciente… é por isso que ele também está exposto a influências transformadoras. Na medida em que o terapeuta se fecha a essa influência, ele também perde sua influência sobre o paciente.”

C. G. Jung

A transferência, que consiste nas manifestações do cliente em relação aos conceitos do terapeuta diante dos problemas apresentados, e a contratransferência, que se refere à resposta do terapeuta diante das ações e reações transferidas pelo cliente, são termos mais comumente utilizados na psicanálise e em terapias psicanalíticas. No entanto, é importante reconhecer sua presença ao longo de todo o processo psicoterapêutico.

De acordo com Möler, Serralta, Bitencourt e Benetti (2018), citando McMain (2015), o sucesso ou fracasso do tratamento está relacionado à resposta fornecida pelo terapeuta, pois é a partir dessas respostas que o paciente se sente estimulado ou desmotivado em relação à terapia.

Alguns componentes da contratransferência podem ser adicionados como elementos relevantes para uma terapia funcional e qualificada. Por exemplo, conforme Möler, Serralta, Bitencourt e Benetti (2018), a auto revelação do terapeuta sobre alguma condição relacionada aos problemas apresentados pelo paciente. Essa iniciativa propicia uma identificação do comportamento problemático com a realidade de uma pessoa real, que pode representar uma personalidade sem falhas.

A exposição moderada e equilibrada do terapeuta em relação aos fatos que exigem essa conduta permite uma nova visão conceitual durante a interação com o cliente, abrindo espaço para que o portador do Transtorno de Personalidade Borderline se sinta à vontade para expressar sentimentos reprimidos e contidos. Quando a auto revelação é significativa, essa abordagem terapêutica pode ser empregada, mas apenas quando há uma necessidade concreta para isso. Caso contrário, corre-se o risco de se tornar comum e amigável, desviando o foco central do tratamento, que é a busca pelo auxílio terapêutico.

A auto revelação também pode ser útil para relatar as frustrações do psicólogo durante o processo, especialmente quando não há uma colaboração efetiva por parte do cliente. Essa abertura do terapeuta ao compartilhar as dificuldades enfrentadas sensibiliza o cliente e pode gerar uma mudança positiva em suas atitudes em relação ao que é proposto, contribuindo para a redução de conflitos e a estabilização da relação paciente-terapeuta.

Linehan (1993), citado por Cunha e Vandenbergh (2015), ressalta que a aceitação, assim como a auto revelação, desempenha um papel fundamental na obtenção de altos níveis de satisfação nos resultados terapêuticos. Ao aceitar o paciente em sua totalidade, com todas as características apresentadas, o terapeuta auxilia na própria aceitação do indivíduo diagnosticado com transtorno de personalidade borderline. Mesmo quando confrontado com certos comportamentos, o paciente começa a modificar a maneira como lida com essas atitudes inadequadas e é estimulado a agir de acordo com novos parâmetros e suposições. A aceitação desempenha um papel significativo na promoção da autovalorização, pois a mudança ocorre justamente após a aceitação profunda de si mesmo, como afirmou Carl Rogers: “Não podemos mudar, não podemos nos afastar do que somos, enquanto não aceitarmos profundamente o que somos”.

O manejo terapêutico requer sensibilidade por parte do profissional de saúde mental para evitar o surgimento de ocorrências negativas no processo da contratransferência. Conforme aponta Romaro (2002), é comum e frequente que os portadores de transtorno de personalidade borderline experimentem sentimentos de exclusão ao buscar ajuda psicológica, em vez de serem incluídos entre aqueles que necessitam de auxílio. Eles transferem sua agressividade e, muitas vezes, são tratados com agressão e punição, quando deveriam ser compreendidos e valorizados.

O respeito às particularidades de cada indivíduo e o acolhimento adequado ao portador de transtorno de personalidade borderline são essenciais para o progresso terapêutico, que pode ser interrompido e até mesmo levar à regressão se esses aspectos não forem considerados. É inegável que muitas dessas dificuldades surgem devido à falta de preparo das instituições ligadas à saúde mental, que não oferecem suporte adequado aos profissionais diante da diversidade de situações, colocando-os em uma posição vulnerável e, consequentemente, comprometendo a qualidade do atendimento prestado aos pacientes que já se encontram em um estado de desorientação.

A ausência de estruturas adequadas é predominante em diversos espaços de atendimento psicológico, gerando desconfiança entre aqueles que buscam assistência. Ao não encontrarem o apoio esperado, essas pessoas acabam internalizando verdades já conhecidas e formuladas, como a ideia de que a cura é inatingível ou de que a terapia é ineficaz. Nesse contexto, o papel do psicoterapeuta competente e responsável é fundamental, pois ele é capaz de desmistificar essa desconfiança, seguindo as propostas de Carl Rogers, e restaurar a confiança tanto dos pacientes como das pessoas próximas a eles. Isso é feito por meio de abordagens baseadas em reflexão, que permitem a descoberta de verdades coerentes com a realidade, favorecendo a estabilidade de comportamentos antes instáveis e descontrolados.

É de suma importância que todos aqueles que dependem de um tratamento terapêutico encontrem um ambiente acolhedor e confortável, pois, do contrário, são incentivados a desistir e abandonar os procedimentos. Conforme discutido por Romaro (2002), não há casos intratáveis, mas sim casos que devem ser tratados de forma adequada. A terapia deve ser uma contribuição para a mudança positiva e nunca um obstáculo que desencadeie novas crises e recorrências já existentes.

A área da saúde mental requer atenção para todos os profissionais que a compõem. No caso dos terapeutas, é indispensável que eles tenham respaldo, sejam avaliados e analisados, e não enfrentem as adversidades de forma solitária. Assim como os pacientes, os terapeutas também são seres humanos, têm uma vida e enfrentam problemas pessoais. Quando não recebem suporte, eles podem inadvertidamente influenciar os procedimentos psicológicos, o que, em alguns casos, resulta em desvios irreparáveis, levando ao rompimento das terapias, ao agravamento dos transtornos mentais e, em casos extremos, ao suicídio.

Diante de eventos catastróficos, os psicólogos também se sentem fragilizados, o que pode comprometer sua atuação profissional. Portanto, todos os profissionais que lidam com distúrbios mentais precisam de apoio, assim como os próprios pacientes. CUNHA e AZEVEDO (2001) ressaltam a importância de os terapeutas também passarem por terapia pessoal, a fim de prevenir frustrações, descontrole emocional e expectativas irrealistas decorrentes da ilusão de que são capazes de realizar milagres. O fato de serem psicoterapeutas não significa que conseguem gerenciar perfeitamente seu próprio comportamento, o que torna necessária a intervenção terapêutica em si mesmos para recuperar o equilíbrio, a calma, a paciência e o autocontrole. Esses aspectos são fundamentais para um trabalho de qualidade, com resultados satisfatórios tanto para os profissionais como para os pacientes.

A contratransferência, quando reconhecida e adequadamente incorporada à psicoterapia, enriquece o tratamento, fornecendo contribuições valiosas para sua eficácia e efetividade. Terapeuta e paciente, em uma relação saudável, auxiliam-se mutuamente, o que garante o sucesso da profissão e a harmonia da terapia.

Após abordar a transferência e a contratransferência, é importante destacar a influência das teorias no comportamento estudado por diversos teóricos, que contribuem significativamente para as práticas adotadas nos diferentes formatos de psicoterapia. Portanto, é necessário posicionar algumas ideias sobre a contribuição dessas teorias.

TEORIA COMPORTAMENTAL DE REFORÇO E RESPOSTAS PARA UMA TERAPIA SAUDÁVEL

A teoria do Behaviorismo Radical desempenha um papel crucial na compreensão do comportamento em diferentes perspectivas, oferecendo uma explicação consistente e precisa para o Transtorno Borderline. Como menciona Sousa (2003), popularmente acredita-se na existência de dois “eus”, um que dirige a ação do outro. Essa concepção sugere a presença de uma força propulsora que impulsiona o comportamento, onde o termo personalidade é tratado como esse “eu” responsável pela ocorrência de comportamentos. Nessa perspectiva, comportamento e ação estão intimamente ligados, com o comportamento agindo enquanto a ação se comporta de determinado modo em resposta a uma situação.

A teoria Skinneriana enfatiza a importância dos reforços e das respostas no comportamento humano, o que também se aplica ao portador do TPB. Conforme ressalta Sousa (2003), citando Skinner (1953), o eu pode ser definido como um conjunto de respostas funcionalmente unificado. O foco está em explicar a unidade funcional desse conjunto de respostas, identificando as relações existentes entre elas e suas variáveis de controle, como estímulos discriminativos e consequências. Dessa forma, compreende-se que a personalidade é adquirida por meio de aprendizagem. Aprendemos quais comportamentos são eficazes para obter reforçadores em determinadas circunstâncias, seguindo uma sequência de estímulos que se tornam significativos por serem repetidos e reforçados.

Portanto, a teoria comportamental de reforço e respostas fornece uma base sólida para uma terapia saudável, na qual se busca compreender as relações entre comportamento, ação, reforçadores e consequências. Essa abordagem permite identificar os padrões comportamentais disfuncionais e trabalhar para modificá-los, por meio de intervenções que promovam a aprendizagem de novos comportamentos mais adaptativos. Ao compreender a influência dos estímulos e das consequências na personalidade e nos comportamentos, é possível desenvolver estratégias terapêuticas eficazes e significativas para os indivíduos com Transtorno Borderline.

A teoria dos reforços e respostas sugere que o comportamento humano é resultado de um aprendizado comportamental, conforme mencionado por Millon (1969/1979) e complementado por Sousa (2003). Segundo Millon, inicialmente respondemos a eventos antecedentes específicos. À medida que nos deparamos com situações semelhantes, aprendemos quais comportamentos são bem-sucedidos para obter recompensas e evitar punições. Dessa forma, as experiências levam ao aprendizado de estratégias adaptativas que caracterizam nossa personalidade e a maneira como nos relacionamos com os outros. Comportamentos aprendidos tendem a persistir devido a uma história de reforçamento intermitente, tornando-se altamente resistentes à extinção devido às restrições e repetições do ambiente social.

É importante ressaltar que, embora haja reforços e respostas semelhantes, cada pessoa apresentará manifestações comportamentais diferentes devido à sua experiência única e individual. Como destacado por Sousa (2003), citando Parker et al. (1998), a sensibilidade a diferentes contextos decorre da experiência passada, o que explica por que duas pessoas reagem de maneira diferente diante da mesma circunstância. Embora haja uma crença de que essas diferentes reações surgem de dentro do corpo, o behaviorismo radical busca outras explicações, levando em consideração que o aparato biológico impõe limitações e possibilidades de interação com o ambiente, mas não é o único fator a ser considerado. Além disso, a experiência pode alterar aspectos fisiológicos. Cada indivíduo aprende a se comportar conforme é reforçado ou punido por determinados comportamentos. Portanto, cada organismo é exposto a uma história de reforçamento única, o que resultará em diferentes respostas diante de uma mesma situação.

Skinner afirma que o comportamento é selecionado por suas consequências, o que ocorre frequentemente no caso da personalidade Borderline. Segundo Sousa (2003), pessoas diagnosticadas com o transtorno tendem a apresentar uma variedade de ideias confusas e incoerentes durante a terapia, demonstrando sentimentos de impotência diante das situações cotidianas da vida. Muitas vezes, afirmam não saber quem são, do que gostam e o que esperam. São frequentemente contraditórias e inconstantes em suas opiniões, escolhas e decisões.

Portanto, compreender os aspectos comportamentais do Transtorno Borderline requer uma abordagem individualizada, considerando a influência da experiência passada e as respostas apropriadas a estímulos e reforçadores específicos. Cada pessoa possui uma história de aprendizado única, o que resulta em respostas comportamentais distintas em diferentes contextos.

A desistência do tratamento terapêutico é comum em indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline, devido à oscilação intensa de emoções e à tendência suicida. Essas pessoas frequentemente relatam um sentimento de vazio, como apontado por Sousa (2003), com base em Conte Brandão (2001), destacando que desenvolvem sua identidade com base em estímulos externos. A ausência de eventos que atendam às suas expectativas gera instabilidade, insegurança, medo de abandono e perda, levando ao autodesprezo, isolamento e dificuldade em estabelecer relações interpessoais.

Na tentativa de evitar o vazio, Sousa (2003) aponta que os pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline buscam encontros casuais de curta duração, mas a idealização intensa do outro muitas vezes se transforma em desvalorização quando as ilusões imediatas não são atendidas. O amor intenso pode se transformar em ódio e raiva explosiva quando a atenção e intimidade, que eram frequentes, desaparecem, levando ao fim dos relacionamentos.

A terapia, juntamente com a flexibilidade do terapeuta, desempenham um papel crucial no progresso e modificação dos portadores de Transtorno de Personalidade Borderline. Conforme Sousa (2003), se o indivíduo se comporta com o terapeuta da mesma maneira que se comporta no seu dia a dia com outras pessoas, esses ambientes são funcionalmente idênticos. Portanto, se houver mudança em um desses ambientes, essa alteração se generalizará para os demais. O aprendizado adquirido na psicoterapia pode, aos poucos, se integrar à vida prática do paciente, desde que seja conduzido de forma qualificada e positiva, introduzindo uma nova realidade que promova comportamentos diferentes.

Sousa (2003) ressalta que os clientes com Transtorno de Personalidade Borderline enfrentam dificuldades em expressar seus sentimentos durante a terapia, mas esse resultado pode ser gradualmente modificado com o reforço positivo do terapeuta, que deve ser sensível para estabilizar gradualmente os novos comportamentos. É essencial que o terapeuta tenha conhecimento do quadro e reconheça o cliente como uma pessoa única, cujos comportamentos podem ser semelhantes aos de outros, mas cujos sentimentos são pessoais. Isso permite ao terapeuta identificar os aspectos essenciais do transtorno e ter mais autonomia para auxiliar na busca de soluções.

Dada a frequente referência a pensamentos suicidas e homicidas por parte dos diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline, é importante destacar, como mencionado por Sousa (2003), com base em Kohlenberg & Tsai (2001), que o cliente deve ser incentivado a relatar suas fantasias e motivos, mas também aprender a separar pensamentos de ações. Embora não haja nada de errado em pensar, as ações podem ter consequências desastrosas. Portanto, é fundamental analisar cuidadosamente as consequências das ações suicidas e homicidas com o cliente. A aceitação dos sentimentos e fatos, sem julgamentos e com certa neutralidade, permite lidar com a imprevisibilidade desses pensamentos. Nesse sentido, é importante criar um espaço seguro para que o cliente expresse seus pensamentos, enquanto o terapeuta media a contradição entre o pensamento inicial e as possíveis consequências de transformá-lo em ação.

É fundamental lembrar que a teoria comportamental de reforços e respostas desempenha um papel importante nesse contexto. Conforme destacado por Sousa (2003), o comportamento é influenciado por reforçadores e punições, e as experiências passadas moldam estratégias adaptativas que caracterizam a maneira como nos relacionamos com os outros e nossa personalidade. A aprendizagem ocorre a partir da identificação dos comportamentos bem-sucedidos para obter recompensas e evitar castigos. Essa sequência de estímulos é aprendida, repetida e reforçada, tornando os comportamentos resistentes à extinção.

É essencial reconhecer que cada indivíduo possui uma experiência única, o que explica por que diferentes pessoas reagem de forma diferente diante das mesmas circunstâncias. O comportamento é influenciado não apenas pelos fatores biológicos, mas também pelas experiências vividas. Skinner ressalta que, quando o ambiente muda, comportamentos antigos desaparecem, e novas consequências moldam novas formas de comportamento.

Portanto, é crucial compreender que o Transtorno de Personalidade Borderline envolve oscilações emocionais intensas, tendência suicida e dificuldade na expressão dos sentimentos. A terapia, aliada à flexibilidade do terapeuta, desempenha um papel fundamental na modificação desses padrões de comportamento. Ao oferecer um ambiente seguro, reforço positivo e sensibilidade, o terapeuta pode gradualmente estabilizar novos comportamentos, facilitando a integração das mudanças terapêuticas na vida prática do paciente.

A compreensão das particularidades de cada indivíduo e a análise cuidadosa das fantasias suicidas e homicidas contribuem para um trabalho terapêutico efetivo. Ao separar pensamentos de ações, o cliente pode ser auxiliado a encontrar alternativas mais adaptativas para lidar com suas emoções e evitar consequências desastrosas.

Em suma, a teoria comportamental de reforços e respostas fornece uma base sólida para compreender o Transtorno de Personalidade Borderline e direcionar a terapia. A personalidade e os comportamentos são moldados por experiências passadas e pela interação com o ambiente. A terapia qualificada, com reforço positivo e sensibilidade, ajuda o cliente a modificar comportamentos disfuncionais e a buscar uma nova realidade, promovendo uma vida mais estável e saudável.

Um fator crucial para estabelecer uma relação saudável entre terapeuta e cliente pode ser encontrado nas técnicas da terapia comportamental dialética. Conforme destacado por Cunha e Vandenberg (2015), essa abordagem traz uma contribuição promissora ao sugerir a inclusão de conflitos entre opiniões contraditórias e a absorção de ambas as verdades. Mesmo que o terapeuta não acredite, concorde ou considere pertinente determinado comportamento do cliente, é essencial que ele demonstre flexibilidade e sensibilidade para auxiliar possíveis mudanças na forma de agir ou pensar.

O terapeuta, disponível e aberto, não precisa proteger o paciente borderline de futuros incidentes. No entanto, é fundamental entendê-lo em seus diversos e variados comportamentos inadequados, buscando sempre incluir suas opiniões e excluir conceitos que estejam associados a traumas e medos. Ao valorizá-lo como pessoa, demonstrar afeto, propor atividades agradáveis e úteis, compreendê-lo e sugerir alternativas, o terapeuta estabelece uma conexão que permite alcançar os objetivos tanto do analista quanto do paciente.

Além dos benefícios que a terapia proporciona ao portador de Borderline, há fortes indícios de que o terapeuta também é recompensado com um bem supremo ao testemunhar o desenvolvimento dos pacientes. Conforme confirmado por Cunha e Azevedo (2001), citando Hegenberg (2000): “O atendimento ao paciente borderline é desafiante. Coloca em xeque a capacidade técnica, teórica e de tolerância do terapeuta, bem como o próprio sistema de atendimento em saúde mental. Como afirma Hegenberg (2000), o paciente borderline tem algo a nos ensinar, colocando uma lente de aumento nos problemas humanos e sabendo como ninguém o que é o intangível e assustador ‘nada’. Não raramente, o borderline induz o profissional ao enfrentamento de suas próprias situações-limite, em que os seus sentimentos vêm à tona de um modo muito intenso e particular, proporcionando-lhe uma experiência clínica e de crescimento pessoal incomparável.” O progresso do paciente é uma fonte de satisfação para o terapeuta, pois o crescimento do outro contribui para seu próprio crescimento, tanto pessoal quanto profissional. Isso representa um sucesso em toda a jornada, tanto como terapeuta quanto como ser humano.

Após a exposição dos detalhes acerca do bem-estar indispensável na relação entre terapeuta e paciente, prossegue-se com a reflexão sobre as contribuições do comportamento imprevisível tanto do analista quanto do cliente.

O IMPREVISÍVEL DO TERAPEUTA COMO UM COMPORTAMENTO

REFORÇADOR À EXTINÇÃO DO IMPREVISÍVEL NEGLIGENTE DO PACIENTE

O comportamento imprevisível dos pacientes com TPB, como mencionado anteriormente, é caracterizado por uma constante instabilidade emocional, falta de conhecimento da própria identidade, contradição de ideias e impulsividade. Essas ocorrências tornam suas ações, atitudes, sentimentos, pensamentos e comportamentos imprevisíveis, algo que deve ser previsível para o psicoterapeuta. O terapeuta não deve se assustar, reagir com agressividade ou ser manipulado, agir com descontrole, despreparo ou incompetência, pois tais atitudes podem agravar os casos e levar a uma regressão considerável.

Embora os pacientes Borderline possam parecer manipuladores, fortes e destemidos em alguns momentos, a verdade é que eles são frágeis diante de suas inseguranças. Quando atacam ou ameaçam, estão apenas se defendendo do que lhes causa mal. Porém, em um contexto oposto, se forem notificados sobre seus progressos e receberem elogios por pequenas mudanças, a reação será diferente, pois, segundo Freud, aquele que se defende de ataques é vulnerável aos elogios.

É inegável que o terapeuta que se mantém atualizado constantemente, se especializa e aprimora seus conhecimentos clínicos está mais preparado profissionalmente do que aquele que se mantém estagnado. No entanto, segundo Jung, o conhecimento teórico e as habilidades técnicas não garantem sucesso se o terapeuta não manifestar sua humanidade ao lidar com o outro ser humano que, mesmo que de forma inconsciente, espera um acolhimento caloroso para suas angústias.

Aqueles que escolhem a psicologia como profissão, além de possuírem o conhecimento e embasamento necessários para exercer sua função, se destacam na especialidade quando sua dedicação é o foco principal. Através de uma entrega completa aos pacientes, eles obtêm inúmeros benefícios, derivados do sentimento de realização ao ajudar seus pacientes a superar pequenos desafios. Isso corresponde à afirmação de Jung de que ao curar o outro, também se cura a si mesmo. O terapeuta que verdadeiramente se preocupa com o bem-estar do público ao qual se destina não busca levar os indivíduos com distúrbios mentais a um estado de extremo conforto ou felicidade ideal, mas sim auxiliá-los a encontrar um equilíbrio entre a dor e a alegria. Durante o tratamento, eles facilitam descobertas que mostram o poder da paciência e ajudam seus pacientes a desenvolver força diante do sofrimento. Não possuem uma fórmula mágica nem um segredo para tudo, mas apresentam conflitos internos e diferentes perspectivas para estimular a reflexão, lembrando que a realidade de hoje não necessariamente é a verdade de amanhã.

Outro aspecto crucial que faz diferença na vida dos clientes é a habilidade do terapeuta em verdadeiramente ouvir. Embora a função do psicólogo seja ouvir e escutar, é essencial que ele aprimore sua observação e se expresse de forma prudente após os momentos de fala do paciente. O terapeuta não deve interromper diante das queixas, mas intervir apenas quando houver dificuldade na conclusão de ideias. Além disso, ele deve demonstrar atenção aos mínimos detalhes, como mudanças de rota, bloqueios ou indisposições inesperadas. Quando o indivíduo percebe que está sendo realmente ouvido e escutado, ele começa a reconhecer seu próprio valor e se desapegar de velhos hábitos, acostumando-se a uma rotina em que passa a se sentir importante e reconhecido, inicialmente pelo terapeuta, mas progressivamente pelos outros.

Destacar a coragem e a ousadia de buscar ajuda terapêutica e enfatizar o esforço contínuo de permanecer na terapia, mesmo diante de desafios, conflitos e confrontos, contribui significativamente para a continuidade do tratamento, a frequência das sessões e a motivação em alcançar as metas estabelecidas, mesmo diante de adversidades. À medida que os obstáculos à mudança são revelados e os pequenos sucessos são detalhados, os pacientes são incentivados a superar desafios e os obstáculos vão sendo afastados. É importante ressaltar que o passo inicial é dado pelo próprio paciente, e não pelo terapeuta que supostamente o convenceu.

O comportamento estranho e sem sentido não existe para o psicoterapeuta, pois ele compreende que faz parte do processo do paciente e pode ser revertido com mais informação, pesquisa e aprendizado. O terapeuta é tolerante e flexível, capaz de expressar de forma clara, precisa e adaptável o que o incomoda, caso seja necessário. Ele busca estabelecer uma relação terapêutica ideal, baseada na união e na compatibilidade entre ele, o cliente e a própria terapia.

O comportamento imprevisível do terapeuta também pode funcionar como um retorno positivo quando o paciente Borderline desconstrói sua autoimagem e culpa a si mesmo por episódios ou relata automutilações como forma de controle ou punição. Ao contradizer sensivelmente essas crenças e fortalecer condutas mais adequadas, o terapeuta contribui para a conscientização do paciente de que é necessário enfrentar e aceitar os defeitos, mas que eles também estão inseridos em uma série de qualidades que podem ser exploradas.

A insegurança e o medo do abandono, características comuns em portadores de Borderline, podem ser superados quando a psicoterapia é centrada no crescimento, mesmo que isso não esteja cercado de segurança e coragem. Embora se sintam inseguros, eles são capazes de enfrentar o medo, pois a estagnação é pior do que enfrentá-lo.

A aprovação e reprovação das condutas, baseadas no comportamento imprevisível, também são elementos funcionais para a mudança do comportamento do paciente Borderline. Ao aprovar determinadas atitudes, o terapeuta reforça a ocorrência dessas atitudes, incentivando sua repetição. Por outro lado, ao reprovar condutas inadequadas de forma serena e fornecendo exemplos, o terapeuta promove a reflexão e gradualmente diminui a ocorrência desses comportamentos. O terapeuta sempre analisa cuidadosamente os aspectos positivos e negativos, enfatizando os pensamentos aprovados e reprovando comportamentos problemáticos. Ele utiliza situações-problema e exemplos para incentivar o paciente a refletir sobre diferentes perspectivas e possibilitar uma conscientização solitária sobre o significado da terapia em seu dia a dia.

A transparência do terapeuta em relação ao andamento da terapia reduz as dúvidas do paciente e promove a cooperação. Ao ser claro sobre os fatos, o terapeuta estabelece uma aliança saudável com o paciente, facilitando o surgimento de situações positivas e mudanças de comportamento alinhadas com as técnicas terapêuticas.

Assim, ao ouvir atentamente, respeitar o valor do paciente, destacar sua coragem e esforço, e estabelecer uma relação de transparência e cooperação, o terapeuta contribui significativamente para o progresso do paciente. O comportamento imprevisível do terapeuta, quando utilizado de forma adequada, pode funcionar como um reforço positivo à extinção dos comportamentos imprevisíveis negligentes do paciente, possibilitando uma transformação significativa no processo terapêutico.

A comunicação contínua e constante do terapeuta é essencial para o bem-estar do portador de Transtorno Borderline, mesmo após as sessões de terapia. Ao estar disponível e acessível, o terapeuta oferece suporte e ajuda em momentos de crise, uma vez que esses indivíduos têm dificuldade em lidar com a instabilidade emocional sozinhos.

Nos estágios iniciais do tratamento, o terapeuta que incentiva o contato fora das sessões contribui para a prevenção de incidentes e para a redução da gravidade caso ocorram. Estabelecer um acordo prévio sobre a comunicação fora do consultório cria um senso de conforto tanto para o terapeuta quanto para o cliente. Saber que pode contar com alguém em situações de emergência encoraja o paciente a expressar suas fragilidades, enquanto o terapeuta se tranquiliza sabendo que o cliente buscará apoio quando necessário.

É importante que qualquer imprevisto por parte do terapeuta também seja comunicado com antecedência, a fim de evitar frustrações. Caso isso não seja possível, o terapeuta deve esclarecer a situação assim que disponível, para evitar interpretações equivocadas e garantir a continuidade dos avanços conquistados até então. Essa comunicação pode ser reduzida à medida que ambos os lados percebam que têm mais controle sobre seus pensamentos e ações, mas deve ser retomada a qualquer momento diante de necessidades pontuais.

É fundamental reconhecer a complexidade da discussão sobre o Transtorno de Personalidade Borderline, os tratamentos terapêuticos, os terapeutas e a relação terapêutica. A simplificação excessiva de medidas e estratégias limita as chances de sucesso, pois é necessário considerar a individualidade e a particularidade de cada cliente, terapia e terapeuta. Embora este artigo enfatize a Psicoterapia Dinâmica Breve ao abordar o comportamento imprevisível como um aspecto relevante na relação entre paciente e terapeuta, é importante ressaltar que outras abordagens, como a Terapia Cognitivo-Comportamental, a Psicanálise e a Terapia Comportamental Dialética, também desempenham papéis significativos no tratamento.

Por fim, é importante esclarecer que as reflexões apresentadas neste texto baseiam-se nas ideias do autor, com base nas referências já mencionadas. A ausência de citações explícitas se deve ao fato de que todas as sugestões foram embasadas nas citações utilizadas anteriormente, que deram suporte às ideias apresentadas aqui.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A frequência do comportamento imprevisível nos portadores do Transtorno de Personalidade Borderline foi um aspecto perturbador durante a pesquisa para o desenvolvimento deste artigo. A falta de argumentos sólidos sobre como lidar com a reação do outro diante do imprevisível negligente e negativo levanta inquietações.

Diante da angústia causada pela imprevisibilidade para aqueles que convivem com indivíduos diagnosticados com TPB, surge a ideia de incentivar o terapeuta, que já está preparado para o imprevisível, a agir de forma imprevisível, mas de maneira positiva, a fim de surpreender o paciente. A partir dessa surpresa inesperada, novos comportamentos podem ser estimulados, trazendo benefícios para o paciente, a função terapêutica, a profissão e o próprio terapeuta, que será recompensado pelo sucesso alcançado em cada resultado satisfatório.

Após fornecer um breve histórico e apresentar as características do Transtorno Borderline, surge a preocupação com a adesão dos pacientes ao tratamento, uma dificuldade comum encontrada nas pesquisas. Destaca-se a Psicoterapia Dinâmica Breve como uma opção interessante para aqueles que são mais resistentes ou têm menos recursos financeiros.

A importância da transferência e contratransferência, que influenciam significativamente tanto o paciente quanto o terapeuta ao longo do tratamento, é analisada após uma revisão das citações relevantes sobre o assunto. São discutidos temas como a preparação das instituições de saúde mental para oferecer o suporte adequado tanto ao paciente quanto ao psicólogo, que precisa de intervenção para intervir a favor daqueles que necessitam.

Em seguida, o comportamento imprevisível é analisado à luz de teorias comportamentalistas e terapias comportamentais, com um foco mais específico na teoria de reforços e respostas do Behaviorismo Radical. Outras abordagens não são aprofundadas neste trabalho, uma vez que o objetivo é tornar a relação paciente-terapeuta mais acessível ao imprevisível, que é o tema central do artigo.

Por fim, o comportamento imprevisível tanto do cliente quanto do terapeuta é discutido de forma mais evidente na reflexão, apresentando sugestões relevantes para lidar com essa questão. O objetivo é motivar o terapeuta a agir de forma imprevisível em diversas situações no relacionamento com o portador de Borderline. Embora não haja citações diretas durante a reflexão, elas estão presentes em todo o texto, embasando as ideias do autor.

Este artigo conclui que, ao se deparar com um comportamento imprevisível negligente e negativo, há a possibilidade de responder de forma imprevisível e inesperada, o que tem o potencial de estimular uma reação transformadora no portador do Transtorno de Personalidade Borderline. Ao se sentir importante, valorizado e motivado, o indivíduo pode ser impulsionado a agir de maneira diferente, promovendo mudanças significativas em sua vida. É importante ressaltar que a análise neste artigo se concentrou no papel do terapeuta, mas suas conclusões também se aplicam às pessoas que convivem com esses indivíduos, bem como à sociedade em geral. Ninguém está imune ao transtorno e, consciente ou inconscientemente, pode ser afetado por ele.

REFERÊNCIAS

CUNHA, O. R. da; VANDENBERGHE, L. O Relacionamento Terapeuta-Cliente e o Transtorno de Personalidade Borderline. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, [S. l.], v. 18, n. 1, p. 72-86, 2016. DOI: 10.31505/rbtcc.v18i1.833. Disponível em: http://rbtcc.webhostusp.sti.usp.br/index.php/RBTCC/article/view/833. Acesso em: 25 jun. 2021.

CUNHA, Paulo Jannuzzi; AZEVEDO, Maria Alice Salvador B. de. Um caso de transtorno de personalidade borderline atendido em psicoterapia dinâmica breve. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 17, n. 1, p. 5-11, abr. 2001. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0102-37722001000100003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ptp/a/DMDtRzN8gSVSTWY8XhtBw8P/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 jun. 2021.

DALGALARRONDO, Paulo; VILELA, Wolgrand Alves. Transtorno borderline: história e atualidade. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 52-71, 2001. Disponível em: http://www.psicopatologiafundamental.org.br/uploads/files/revistas/volume02/n2/transtorno_borderline_historia_e_atualidade.pdf. Acesso em: 25 jun. 2021.

HEGENBERG, M. Borderline (Coleção Clínica Psicanalítica). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

KOHLEMBERG, Tsai. Citado por SOUSA, Ana Carolina Aquino de. Transtorno de personalidade borderline sob uma perspectiva analítico-funcional. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo, v. 5, n. 2, p. 121-137, dez. 2003. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452003000200004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 25 jun. 2021.

LINEHAN, Marsha. Citado por CUNHA; VANDENBERGHE, (2018). Disponível em: http://anakarkow.pbworks.com/w/file/fetch/112822000/833-3347-1-PB.pdf.

MCMAIN, (2015). Citado por MÖLLER; SERRALTA; BITTENCOURT; BENETTI; (2018). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141382712018000400011&script=sci_arttext.

MILLON, (1969/1979). Citado por SOUSA, Ana Carolina Aquino de. Transtorno de personalidade borderline sob uma perspectiva analítico-funcional

Fale comigo agora:

clique aqui

Em meio às incertezas da vida, encontre amor em cada gesto, esperança em cada amanhecer e paz em cada respiração. Acredite no poder do amor para unir corações, na esperança para superar desafios e na paz interior para irradiar harmonia ao mundo. Que o amor nos guie, a esperança nos inspire e a paz nos envolva em todos os momentos da jornada. Que essas três preciosidades sejam nossa força para construir um mundo melhor. Ame, espere e viva em paz.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Posted by: admin on

× Como posso te ajudar?