Perturbação de Identidade em Pacientes com TPB
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é caracterizado por uma variedade de sintomas complexos e inter-relacionados, sendo um dos mais proeminentes a perturbação de identidade. Os pacientes com TPB frequentemente apresentam um senso de si mesmos altamente instável e mutável. Pode haver uma falta de consistência na autopercepção e uma tendência a ver-se de maneira extremamente positiva ou negativa, dependendo do momento.
Essa instabilidade na autopercepção está frequentemente ligada a outros sintomas do TPB, incluindo a instabilidade emocional, o comportamento impulsivo, e as relações interpessoais tumultuadas. O senso de si do indivíduo pode mudar drasticamente em resposta a mudanças no humor ou no contexto social. Por exemplo, após uma interação social negativa, um indivíduo com TPB pode começar a se ver de maneira extremamente negativa, enquanto uma interação positiva pode levar a uma visão inflada de si mesmo.
A perturbação de identidade pode também contribuir para a tendência do TPB para o comportamento suicida ou de automutilação. A falta de um senso de si consistente pode levar a sentimentos de vazio ou desesperança, que por sua vez podem levar a comportamentos autodestrutivos.
É importante notar que a perturbação de identidade no TPB não é simplesmente uma questão de ter uma autoimagem negativa. Em vez disso, é uma instabilidade na autopercepção e uma tendência a extremos de auto-avaliação. Isso torna o tratamento do TPB um desafio, pois os terapeutas devem trabalhar para ajudar os pacientes a desenvolver um senso de si mais consistente e estável, enquanto também gerenciam os outros sintomas complexos e inter-relacionados do transtorno.
Em termos de tratamento, as terapias baseadas em habilidades, como a Terapia Dialética Comportamental (DBT), têm se mostrado eficazes no tratamento do TPB e podem ser particularmente úteis no tratamento da perturbação de identidade. A DBT enfatiza o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional, tolerância ao estresse e eficácia interpessoal, que podem ajudar os indivíduos com TPB a desenvolver um senso de si mais estável e a gerenciar os outros sintomas do transtorno.
Referências:
- American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.
- Linehan, M. M. (2015). DBT skills training manual (2nd ed.). New York, NY: Guilford Press.
- Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., Hennen, J., & Silk, K. R. (2003). The longitudinal course of borderline psychopathology: 6-year prospective follow-up of the phenomenology of borderline personality disorder. American Journal of Psychiatry, 160(2), 274-283.
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
Deixe um comentário