Medo de Abandono TPB

Medo de Abandono em Pacientes com TPB: Uma Abordagem Clínica

O medo intenso de abandono é um critério diagnóstico central para o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) e é frequentemente descrito como um dos sintomas mais debilitantes da condição (American Psychiatric Association, 2013). Este medo pode manifestar-se de várias maneiras, incluindo ansiedade severa quando separado de pessoas importantes, esforços desesperados para evitar a real ou imaginada rejeição e a interpretação de ações benignas dos outros como sinais de rejeição ou abandono (Zanarini et al., 2002).

A origem do medo de abandono em pacientes com TPB é complexa e provavelmente multifatorial. Fatores genéticos e ambientais, incluindo experiências de trauma ou abandono na infância, podem desempenhar um papel significativo (Lis et al., 2017). Além disso, as dificuldades na regulação emocional e na mentalização, ou a capacidade de entender os próprios estados mentais e os dos outros, também podem contribuir para este medo intenso de abandono (Fonagy et al., 2002).

O medo de abandono no TPB pode ter uma série de implicações prejudiciais. Pode levar a comportamentos impulsivos ou autodestrutivos, tais como automutilação ou tentativas de suicídio, especialmente em resposta à percepção de rejeição ou abandono (Yen et al., 2004). Além disso, pode contribuir para a instabilidade nos relacionamentos, uma vez que os indivíduos com TPB podem alternar entre idealizar e desvalorizar as pessoas em suas vidas (Gunderson et al., 2006).

Do ponto de vista terapêutico, a Terapia Dialética Comportamental (DBT) e a Terapia Comportamental Baseada em Mentalização (MBT) têm mostrado eficácia no tratamento do medo de abandono em pacientes com TPB (Linehan et al., 2006; Bateman & Fonagy, 2008). Ambas as terapias visam ajudar os indivíduos a regular as emoções, entender e gerenciar o medo de abandono e desenvolver habilidades de mentalização.

  • Estes pacientes podem se envolver em comportamentos manipulativos, tais como ameaças ou tentativas de suicídio, para evitar o abandono percebido (Zanarini et al., 2002). O medo de abandono também pode contribuir para a natureza cíclica e intensa dos relacionamentos dos indivíduos com TPB, onde os parceiros são inicialmente idealizados e, em seguida, rapidamente desvalorizados em resposta a sinais percebidos de rejeição ou abandono (Gunderson et al., 2006).

    É importante ressaltar que o medo de abandono deve ser abordado diretamente no tratamento do TPB, e as intervenções devem visar não apenas a redução da intensidade do medo, mas também o desenvolvimento de estratégias mais adaptativas para lidar com o medo de abandono quando ele surge (Linehan et al., 2006; Bateman & Fonagy, 2008). Isso pode incluir a promoção de uma maior compreensão e aceitação do medo de abandono, bem como o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional, tolerância ao estresse e mentalização para gerenciar efetivamente este medo.

    Em conclusão, o medo de abandono é um aspecto central e debilitante do TPB que tem implicações significativas para o funcionamento dos indivíduos e a qualidade de seus relacionamentos. Uma maior compreensão deste fenômeno é fundamental para o desenvolvimento de intervenções de tratamento mais eficazes para os indivíduos com TPB.


Referências:
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.).
Bateman, A., & Fonagy, P. (2008). 8-year follow-up of patients treated for borderline personality disorder: Mentalization-based treatment versus treatment as usual. American Journal of Psychiatry.
Fonagy, P., et al. (2002). Affect regulation, mentalization, and the development of the self. Other Press.
Gunderson, J. G., et al. (2006). Disturbed relationships as a phenotype for borderline personality disorder. American Journal of Psychiatry.
Lis, E., et al. (2017). Predictors of suicide attempts in patients with borderline personality disorder over 16 years of prospective follow-up. Psychological Medicine.
Linehan, M. M., et al. (2006). Two-year randomized controlled trial and follow-up of dialectical behavior therapy vs therapy by experts for suicidal behaviors and borderline personality disorder. Archives of General Psychiatry.
Yen, S., et al. (2004). The predictive validity of the borderline personality disorder diagnosis in adolescent inpatients: seven-year follow-up. American Journal of Psychiatry.
Zanarini, M. C., et al. (2002). The Subsyndromal Phenomenology of Borderline Personality Disorder: A 10-year Follow-up Study. American Journal of Psychiatry.

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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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