Idealização e Desvalorização

Alternância entre Idealização e Desvalorização no TPB

 A idealização e a desvalorização são dois mecanismos defensivos frequentemente observados em indivíduos diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). Os padrões de idealização e desvalorização, também conhecidos como “pensamento dicotômico” ou “tudo ou nada”, são caracterizados por variações extremas na maneira como o indivíduo percebe a si mesmo, aos outros e ao mundo ao seu redor (Paris, 2005).

Na fase de idealização, o indivíduo com TPB pode exaltar ou idolatrar outra pessoa, vendo-a como perfeita ou sem falhas. Porém, quando a realidade não corresponde a essa visão idealizada, ou quando ocorre um evento que desafia essa percepção, o indivíduo pode mudar rapidamente para a fase de desvalorização, durante a qual a mesma pessoa é vista como totalmente ruim ou decepcionante (Zanarini et al., 2000).

Esta alternância entre a idealização e a desvalorização pode ser muito confusa e angustiante para o indivíduo com TPB, bem como para aqueles que estão ao seu redor. Esta instabilidade nas relações é um dos critérios diagnósticos para o TPB, conforme delineado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) (American Psychiatric Association, 2013).

A origem dessa dinâmica de idealização e desvalorização ainda é objeto de estudo. Alguns pesquisadores propõem que isso pode ser uma tentativa de gerenciar emoções intensas e difíceis, ou de lidar com um senso de identidade frágil e inconsistente, que são aspectos centrais do TPB (Linehan, 1993).

Em termos de tratamento, as abordagens baseadas em habilidades, como a Terapia Dialética Comportamental (DBT), podem ser eficazes para ajudar os indivíduos com TPB a desenvolver uma visão mais matizada e menos polarizada de si mesmos e dos outros. Isso pode envolver o aprendizado de habilidades de regulação emocional, tolerância à angústia, eficácia interpessoal e mindfulness (Linehan, 2014).

Referências:

  • American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.).
  • Linehan, M. (1993). Cognitive-behavioral treatment of borderline personality disorder. Guilford Press.
  • Linehan, M. (2014). DBT Skills Training Manual (2nd ed.). Guilford Press.
  • Paris, J. (2005). Understanding self-mutilation in borderline personality disorder. Harvard Review of Psychiatry, 13(3), 179-185.
  • Zanarini, M. C., Frankenburg, F. R., DeLuca, C. J., Hennen, J., Khera, G. S., & Gunderson, J. G. (2000). The pain of being borderline: Dysphoric states specific to borderline personality disorder. Harvard Review of Psychiatry, 8(1), 5-21.
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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico

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