Comportamento Suicida no Contexto do TPB
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é notoriamente associado a um risco elevado de comportamento suicida. As estatísticas indicam que até 80% dos indivíduos com TPB já se envolveram em comportamentos autodestrutivos, e cerca de 10% eventualmente cometem suicídio (Soloff et al., 2000).
O comportamento suicida em indivíduos com TPB não é necessariamente uma tentativa de acabar com a vida, mas pode ser uma expressão de desespero intenso e uma maneira de lidar com emoções esmagadoras. Algumas pesquisas sugerem que o comportamento suicida pode ser um meio de regulação emocional para esses indivíduos (Linehan et al., 2006).
As tentativas de suicídio e comportamentos de automutilação no TPB tendem a ser impulsivos em vez de premeditados, o que pode torná-los especialmente difíceis de prever e prevenir (Yen et al., 2004). Isso também significa que as intervenções destinadas a ajudar os indivíduos com TPB a gerenciar suas emoções e impulsos podem ser particularmente eficazes na prevenção de comportamentos suicidas.
As terapias baseadas em habilidades, como a Terapia Dialética Comportamental (DBT), demonstraram ser eficazes na redução de comportamentos autodestrutivos e tentativas de suicídio em indivíduos com TPB (Linehan et al., 2006). A DBT enfoca o desenvolvimento de habilidades de regulação emocional, tolerância ao estresse, eficácia interpessoal e mindfulness, o que pode ajudar os indivíduos com TPB a lidar com emoções intensas e impulsos autodestrutivos de maneiras mais saudáveis.
A hospitalização pode ser necessária em alguns casos, especialmente quando há um risco iminente de suicídio. No entanto, a hospitalização deve ser vista como uma intervenção de última instância, pois pode reforçar comportamentos autodestrutivos e dependência em relação ao sistema de saúde.
É crucial que os profissionais de saúde mental que trabalham com indivíduos com TPB estejam cientes do alto risco de suicídio associado a este transtorno e sejam treinados em intervenções específicas que podem ajudar a prevenir comportamentos suicidas. Além disso, a família e os amigos de pessoas com TPB podem desempenhar um papel crucial na prevenção do suicídio, fornecendo apoio emocional, incentivando o tratamento e ajudando na monitorização do comportamento suicida.
Referências:
- Soloff PH, Lis JA, Kelly T, Cornelius J, Ulrich R. (2000). “Self-mutilation and suicidal behavior in borderline personality disorder”. Journal of Personality Disorders.
- Linehan MM, Comtois KA, Murray AM, Brown MZ, Gallop RJ, Heard HL, Korslund KE, Tutek DA, Reynolds SK, Lindenboim N. (2006). “Two-year randomized controlled trial and follow-up of dialectical behavior therapy vs therapy by experts for suicidal behaviors and borderline personality disorder”. Archives of General Psychiatry.
- Yen S, Shea MT, Sanislow CA, Grilo CM, Skodol AE, Gunderson JG, McGlashan TH, Zanar
Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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