O que é posição esquizo-paranoide?
A posição esquizo-paranoide é um dos estágios do desenvolvimento psicológico infantil descritos pelo psicanalista britânico Donald Winnicott. Esse estágio ocorre durante os primeiros meses de vida do bebê, quando ele começa a perceber a separação entre ele e sua mãe.
Nessa fase, o bebê ainda não possui uma noção clara de si mesmo como um indivíduo separado da mãe e do mundo externo. Ele experimenta o mundo como uma extensão de si mesmo e pode ter dificuldade em diferenciar entre seus próprios pensamentos e emoções e os dos outros.
Além disso, na posição esquizo-paranoide, o bebê pode desenvolver uma sensação de desconfiança em relação à mãe e ao mundo externo. Ele pode sentir que está em constante perigo e que precisa se proteger de possíveis ameaças. Essa sensação de desconfiança pode levar a comportamentos como chorar excessivamente, ter dificuldade em se acalmar ou se alimentar, entre outros.
É importante ressaltar que a posição esquizo-paranoide é uma fase normal e saudável do desenvolvimento psicológico infantil e que a maioria dos bebês passa por ela. No entanto, se esses comportamentos persistirem ou se tornarem mais intensos, pode ser necessário buscar ajuda profissional.
Na vida adulta, a posição esquizo-paranoide pode ser vista em pessoas que têm dificuldades em lidar com conflitos interpessoais e com a intimidade emocional. Essas pessoas podem apresentar um comportamento defensivo e desconfiado em relação aos outros, sentindo-se constantemente ameaçadas.
Na posição esquizo-paranoide, a pessoa pode ter dificuldade em confiar nos outros e pode sentir que precisa se proteger a todo momento. Isso pode levar a comportamentos como o isolamento social, a retração emocional e a dificuldade em estabelecer relações saudáveis e duradouras.
Além disso, pessoas que estão na posição esquizo-paranoide podem ter dificuldade em lidar com suas próprias emoções e podem apresentar uma sensação de fragmentação e desintegração interna. Elas podem sentir que suas emoções são descontroladas e que não conseguem lidar com elas de forma adequada.
É importante lembrar que a posição esquizo-paranoide é uma fase normal e saudável do desenvolvimento psicológico infantil e que, na maioria das pessoas, ela é superada à medida que a pessoa cresce e se desenvolve emocionalmente. No entanto, em alguns casos, as características da posição esquizo-paranoide podem persistir na vida adulta e interferir no bem-estar emocional e nas relações interpessoais da pessoa. Nesses casos, é recomendável buscar ajuda profissional.
A psicanálise, teoria desenvolvida por Sigmund Freud, entende a posição esquizo-paranoide como um estágio normal do desenvolvimento psicológico infantil. Essa posição é caracterizada por um estado de ansiedade e desconfiança que surge quando o bebê começa a perceber a separação entre ele e sua mãe.
De acordo com a psicanálise, o bebê experimenta um sentimento de onipotência, em que ele acredita que pode controlar e criar tudo ao seu redor. Quando ele percebe que não pode controlar sua mãe ou o mundo externo, surge um sentimento de frustração e desamparo, o que pode levar a um estado de ansiedade e desconfiança em relação ao mundo.
Nessa fase, o bebê desenvolve uma fantasia de que a mãe é capaz de atender todas as suas necessidades e desejos e, ao mesmo tempo, é uma fonte de perigo e ameaça. Esse sentimento ambivalente é a base da posição esquizo-paranoide.
Além disso, a psicanálise entende que a posição esquizo-paranoide está associada a uma fragmentação da personalidade, em que o bebê experimenta sua própria mente e corpo de forma fragmentada e desintegrada. Ele pode ter dificuldade em integrar seus próprios pensamentos e emoções, o que pode levar a uma sensação de desamparo e descontrole.
Na psicanálise, o objetivo do tratamento é ajudar a pessoa a integrar essas partes fragmentadas da personalidade, tornando-se mais consciente de suas próprias emoções e pensamentos e desenvolvendo uma maior capacidade de lidar com conflitos interpessoais e com a intimidade emocional.
Uma relação afetiva baseada na posição esquizo-paranoide pode ser caracterizada por uma sensação constante de desconfiança e de ameaça. A pessoa pode sentir que precisa se proteger a todo momento, como se estivesse constantemente em perigo.
Isso pode levar a comportamentos como o isolamento social, a dificuldade em se abrir emocionalmente para o outro e a dificuldade em confiar nos outros. A pessoa pode sentir que precisa manter uma certa distância emocional para evitar ser magoada ou traída.
Além disso, a posição esquizo-paranoide pode levar a uma dificuldade em lidar com conflitos interpessoais. A pessoa pode sentir que precisa se proteger a todo momento e pode reagir de forma defensiva e agressiva diante de qualquer situação que possa representar uma ameaça.
É importante ressaltar que esses comportamentos não são necessariamente intencionais e podem ser resultado de um padrão emocional estabelecido na infância. No entanto, em uma relação afetiva, esses comportamentos podem gerar dificuldades de comunicação, conflitos e desentendimentos.
Nesse sentido, é importante que a pessoa esteja aberta a buscar ajuda profissional para lidar com essa posição e desenvolver uma maior capacidade de lidar com conflitos interpessoais e de se relacionar de forma mais saudável e gratificante.
A posição esquizo-paranoide é um conceito desenvolvido na psicanálise por vários autores. Dentre eles, os mais conhecidos são:
- Melanie Klein: A psicanalista britânica Melanie Klein foi a primeira a desenvolver uma teoria sobre a posição esquizo-paranoide. Ela descreveu a posição esquizo-paranoide como uma fase normal do desenvolvimento emocional infantil, caracterizada por uma sensação de desconfiança em relação aos outros e a uma fragmentação da personalidade.
- Donald Winnicott: O psicanalista britânico Donald Winnicott desenvolveu uma teoria sobre a posição esquizo-paranoide como parte do processo de separação-individuação, em que o bebê começa a perceber a separação entre ele e sua mãe.
- Wilfred Bion: O psicanalista britânico Wilfred Bion desenvolveu uma teoria sobre a posição esquizo-paranoide como uma fase normal do desenvolvimento emocional infantil, em que o bebê experimenta uma sensação de onipotência e uma dificuldade em diferenciar entre ele e o mundo externo.
- Jacques Lacan: O psicanalista francês Jacques Lacan desenvolveu uma teoria sobre a posição esquizo-paranoide como uma fase normal do desenvolvimento emocional infantil, caracterizada por uma sensação de fragmentação da personalidade e de uma dificuldade em lidar com a castração simbólica.
Esses autores contribuíram significativamente para o desenvolvimento da teoria da posição esquizo-paranoide na psicanálise e suas teorias ainda são estudadas e utilizadas por profissionais da área até os dias de hoje.
O tratamento para a posição esquizo-paranoide na psicanálise visa ajudar a pessoa a lidar com sua sensação de desconfiança e fragmentação da personalidade, desenvolvendo uma maior capacidade de integrar seus próprios pensamentos e emoções, de lidar com conflitos interpessoais e de se relacionar de forma mais saudável e gratificante.
O tratamento pode ser realizado por um psicanalista ou terapeuta que esteja familiarizado com a teoria da posição esquizo-paranoide e que possa ajudar a pessoa a explorar suas emoções e pensamentos de forma mais profunda e significativa.
Algumas das técnicas utilizadas no tratamento incluem a livre associação, em que a pessoa é encorajada a falar livremente sobre seus pensamentos e emoções, e a análise dos sonhos, que pode ajudar a trazer à tona conteúdos inconscientes.
Além disso, a terapia pode incluir técnicas específicas para ajudar a pessoa a lidar com seus comportamentos defensivos e a desenvolver uma maior capacidade de lidar com conflitos interpessoais. Por exemplo, a terapia pode ajudar a pessoa a desenvolver habilidades de comunicação e a praticar a resolução de conflitos de forma saudável e eficaz.
Em alguns casos, a terapia pode ser combinada com a medicação, especialmente se a pessoa estiver sofrendo de sintomas como ansiedade ou depressão. No entanto, é importante lembrar que a medicação não é a solução para a posição esquizo-paranoide e deve ser utilizada apenas como um complemento à terapia.
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Marcelo Paschoal Pizzut
Psicólogo Clínico
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