Transtorno de Personalidade Borderline: Por que é tão mal diagnosticado?
Por Marcelo Paschoal Pizzut | Atualizado em 01/05/2025
Introdução ao Transtorno de Personalidade Borderline
Viver com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um desafio diário. Relacionamentos instáveis, reatividade emocional, impulsividade e desregulação emocional são apenas algumas das características que tornam essa condição tão complexa. No entanto, um obstáculo ainda maior é que muitas pessoas com TPB não recebem o diagnóstico correto, o que impede o acesso a tratamentos adequados. Estima-se que entre 2% e 6% da população mundial tenha TPB, uma prevalência significativa, mas o estigma, os mitos e as semelhanças com outras condições de saúde mental contribuem para diagnósticos errados. Por que isso acontece? E como podemos mudar essa realidade?
Neste artigo, exploraremos as razões por trás do subdiagnóstico e do diagnóstico errôneo do TPB, com base em estudos confiáveis, como os publicados na Neuroscience & Biobehavioral Reviews e pela American Psychological Association (APA). Vamos abordar questões como: “Por que o TPB é tão estigmatizado?” e “Como identificar sinais de TPB em mim ou em alguém próximo?”. Além disso, ofereceremos dicas práticas para lidar com a condição e buscar ajuda profissional. Para mais conteúdos sobre saúde mental, visite meu blog.
O Estigma do TPB na Sociedade e Entre Profissionais
O TPB é uma das condições de saúde mental mais estigmatizadas. Julgamentos, culpas e discriminação frequentemente acompanham aqueles que vivem com a condição, levando a sentimentos de vergonha e isolamento. Um estudo da APA (2020) destaca que o estigma pode intensificar a desregulação emocional, pois as pessoas com TPB muitas vezes tentam suprimir seu sofrimento para evitar críticas. Essa supressão, no entanto, resulta em mais instabilidade emocional e comportamentos impulsivos.
O estigma não se limita à sociedade. Alguns profissionais de saúde mental relutam em diagnosticar ou tratar o TPB, mesmo quando os critérios do DSM-5 são claros. Isso ocorre devido a preconceitos enraizados, como a crença de que pessoas com TPB são “manipuladoras” ou “difíceis de tratar”. Pergunte a si mesmo: “Estou evitando buscar ajuda por medo de ser julgado?” Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho, e há profissionais capacitados, como eu, Marcelo Paschoal Pizzut, que utilizam abordagens baseadas em evidências, como a Terapia Comportamental Dialética (TCD). Para agendar uma consulta, acesse minha página de contato.
O Mito de que Adolescentes Não Podem Ter TPB
Um dos maiores equívocos sobre o TPB é a ideia de que adolescentes não podem ser diagnosticados com a condição. Muitos profissionais acreditam, erroneamente, que os sintomas de TPB em jovens são apenas “fases” ou comportamentos típicos da adolescência. No entanto, pesquisas recentes, como as publicadas na Journal of Personality Disorders (2021), mostram que o TPB pode ser identificado em adolescentes, e a detecção precoce é crucial para a recuperação. A relutância em diagnosticar jovens contribui para o subdiagnóstico e impede o acesso a intervenções eficazes.
TPB e a Sobreposição com Outras Condições
Outro fator que complica o diagnóstico é a semelhança do TPB com outras condições de saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Um estudo publicado na Psychiatric Services (2019) revelou que 40% das pessoas com TPB foram erroneamente diagnosticadas com transtorno bipolar tipo 2 devido a sintomas como impulsividade e emoções intensas. No entanto, enquanto o transtorno bipolar é caracterizado por episódios distintos de mania e depressão, o TPB envolve uma instabilidade emocional crônica desencadeada por eventos interpessoais.
Essa sobreposição pode levar a tratamentos inadequados, como a prescrição de estabilizadores de humor em vez de terapias comportamentais. Se você já se perguntou “Por que meus tratamentos não estão funcionando?”, pode ser hora de buscar uma avaliação mais detalhada com um psicólogo especializado.
Por que o TPB é Considerado Intratável?
Até a década de 1990, o TPB era amplamente considerado intratável. Foi apenas em 1991, com a publicação do estudo de Marsha Linehan sobre a Terapia Comportamental Dialética (TCD), que surgiram evidências de um tratamento eficaz. Apesar disso, muitos profissionais ainda acreditam que o TPB não pode ser tratado, o que leva à hesitação em oferecer o diagnóstico correto. Essa visão ultrapassada é prejudicial, pois a TCD e outras abordagens, como a terapia baseada em mentalização, têm mostrado taxas de sucesso significativas, conforme apontado em revisões da Neuroscience & Biobehavioral Reviews (2022).
Questões de Gênero no Diagnóstico do TPB
O TPB afeta homens e mulheres em taxas semelhantes, mas as mulheres são superdiagnosticadas, enquanto os homens são subdiagnosticados. Estereótipos de gênero desempenham um papel importante: mulheres são frequentemente vistas como “emocionais” ou “histéricas”, o que leva a um diagnóstico mais rápido de TPB. Por outro lado, homens com sintomas semelhantes podem ser diagnosticados com outros transtornos, como transtorno de personalidade antissocial. Um estudo da Journal of Clinical Psychology (2020) destaca que essa disparidade reflete vieses culturais e a necessidade de uma abordagem mais neutra no diagnóstico.
Como Identificar e Tratar o TPB
Identificar o TPB requer uma avaliação cuidadosa por um profissional treinado. Os sintomas incluem instabilidade emocional, medo intenso de abandono, relacionamentos tumultuosos e comportamentos impulsivos. Se você se identifica com essas características, considere as seguintes perguntas reflexivas:
- Você sente que suas emoções mudam rapidamente, sem motivo aparente?
- Seus relacionamentos são intensos, mas frequentemente instáveis?
- Você tem dificuldade em controlar impulsos, como gastos excessivos ou uso de substâncias?
O tratamento mais eficaz para o TPB é a Terapia Comportamental Dialética (TCD), que combina estratégias de regulação emocional, habilidades interpessoais e mindfulness. Estudos da APA (2021) mostram que a TCD pode reduzir significativamente os sintomas em até 70% dos pacientes após um ano de tratamento.
Dica Prática 1: Pratique a Regulação Emocional
Quando sentir uma onda de emoções intensas, experimente a técnica de respiração 4-7-8: inspire por 4 segundos, segure por 7 segundos e expire por 8 segundos. Essa prática, baseada em estudos de mindfulness, ajuda a reduzir a reatividade emocional.
Dica Prática 2: Construa uma Rede de Apoio
Converse com amigos ou familiares de confiança sobre suas emoções. Participe de grupos de apoio online ou presenciais para pessoas com TPB. Sentir-se compreendido pode diminuir a sensação de isolamento.
Sobre o Autor
Marcelo Paschoal Pizzut é Psicólogo e Especialista em Terapia Comportamental Dialética (TCD). Com anos de experiência em saúde mental, Marcelo dedica-se a ajudar pessoas a superar desafios emocionais e construir uma vida mais equilibrada. Para mais conteúdos sobre saúde emocional, visite meu blog. Para agendar uma consulta ou saber mais sobre atendimento psicológico online, acesse minha página de contato. Este artigo foi revisado por um humano e atualizado em 01/05/2025.
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